Hoje tive «uma aberta» e resolvi vir almoçar a casa, a pé, fazendo umas pequenas compras pelo caminho.
Cheguei agora a casa e fui separar e arrumar o que tinha comprado.
Por norma, nunca vejo televisão antes do almoço, quer porque não tenho tempo, quer talvez também por ter sido habituada - no tempo em que não havia televisão a toda a hora - a ver os noticiários e os programas da noite.
Olhei para o relógio e resolvi ligar logo a televisão, pois assim não deixaria passar as ´primeiras notícias.
RTP1: «Matou o vizinho e diz que isso lhe foi ordenado pelo Diabo»
SIC: «Regou a namorada com ácido e agora é ininputável»
TVI: depoimentos da casa dos segredos.
Não valerá a pena comentar este inventário (que, infelizmente, não é inventado), pois não?
3 comentários:
XII — Prece
Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.
Dá o sopro, a aragem — ou desgraça ou ânsia —,
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistemos a Distância —
Do mar ou outra, mas que seja nossa!
Fernando Pessoa
Nem sei se com preces...não...não me p(a)rece nada...
A prece é "apenas" para que conquistemos a distância — ou seja, que nos ponhamos todos a milhas desta desgraça mais ou menos localizada na ponta mais ocidental da Europa, naquele tal jardim à beira-mar abandonado...
Podemos sempre redescobrir o pedação abandonado da nossa
Pátria
Serra!
E qualquer coisa dentro de mim se aclama...
Qualquer coisa profunda e dolorida,
Traída,
Feita de terra
E alma.
Uma paz de falcão na sua altura
A medir as fronteiras:
— sob a garra dos pés a fraga dura,
e o bico a picar estrelas verdadeiras...
Miguel Torga
Claro que já matámos os falcões todos, mas mesmo assim ainda será um bom refúgio...
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