segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A memória das coisas que são coisas da memória

"Mas ela queria dizer que havia objectos que não desapareciam, que apenas deixavam de ser matéria e de ter peso para passarem a ser lembrança. Passavam a ser fluído imaterial, a entrar e a sair do corpo imaterial da pessoa, a incorporar-se na circulação do sangue e nas cavernas da memória, para aí ficarem alojadas no fundo da vida, persistindo ao lado dela, e naquela noite, bastaria aproximar o candeeiro a petróleo do corpo da filha, em camisa e agasalhada pela colcha, para confirmar que esses objectos se encontravam morando dentro da sua cabeça." Jorge, Lídia, O Vale da Paixão, p. 31

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