Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
domingo, 5 de setembro de 2010
Viagens Sedentárias
"Cada cidade é um enigma imóvel, um cromossoma vivo, uma memória inquieta."
Uma cidade pode ser apenas um rio, uma torre, uma rua com varandas de sal e gerânios de espuma. Pode ser um cacho de uvas numa garrafa, uma bandeira azul e branca, um cavalo de crinas de algodão, esporas de água e flancos de granito.
Uma cidade pode ser o nome dum país, dum cais, um porto, um barco de andorinhas e gaivotas ancoradas na areia. E pode ser um arco-íris à janela, um manjerico de sol, um beijo de magnólias ao crepúsculo, um balão aceso
Olhando de repente para a página do blogue, liga-se imediatamente o título "Viagens sedentárias" com a imagem a seguir — dando a impressão, pelo copo quase vazio (ou longe de estar cheio...) que as viagens se dessedentaram. E ainda por cima com sumo de laranja bem docinha, como só há por esses lados.
Oh Vera Nem toda maçã Apodrece Nem toda laranja É de sumo Nem todo limão Emagrece.
Gustavo de Castro
Este fulano não conhecia essas laranjas, certo que não!
4 comentários:
Uma cidade
Uma cidade pode ser
apenas um rio, uma torre, uma rua
com varandas de sal e gerânios
de espuma. Pode
ser um cacho
de uvas numa garrafa, uma bandeira
azul e branca, um cavalo
de crinas de algodão, esporas
de água e flancos
de granito.
Uma cidade
pode ser o nome
dum país, dum cais, um porto, um barco
de andorinhas e gaivotas
ancoradas
na areia. E pode
ser
um arco-íris à janela, um manjerico
de sol, um beijo
de magnólias
ao crepúsculo, um balão
aceso
numa noite
de junho.
Uma cidade pode ser
um coração,
um punho.
Albano Martins
Cavaleiro do cavalo de pau
Vai a galope o cavaleiro e sem cessar
Galopando no ar sem mudar de lugar.
E galopa e galopa e galopa, parado,
E galopa sem fim nas tábuas do sobrado.
Oh!, que brabo corcel, que doídas galopadas,
– Crinas de estopa ao vento e as narinas pintadas!
Em curvas pelo ar, em velozes carreiras,
O cavalo de pau é o terror das cadeiras!
E o cavaleiro nunca muda de lugar,
A galopar, a galopar a galopar!…
Afonso Lopes Vieira
Olhando de repente para a página do blogue, liga-se imediatamente o título "Viagens sedentárias" com a imagem a seguir — dando a impressão, pelo copo quase vazio (ou longe de estar cheio...) que as viagens se dessedentaram. E ainda por cima com sumo de laranja bem docinha, como só há por esses lados.
Oh Vera
Nem toda maçã
Apodrece
Nem toda laranja
É de sumo
Nem todo limão
Emagrece.
Gustavo de Castro
Este fulano não conhecia essas laranjas, certo que não!
Macacos me mordam!
Gostei mesmo muito deste comentário: uma ligação perfeita entre palavras, imagens e sons.
Boa noite, Mestre!
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