terça-feira, 28 de setembro de 2010

«A nossa fruta é tão boa que a desfizemos em elogios»

São as palavras inscritas nas tacinhas de fruta esmagada, da "Sonatural", que começaram a ser comercializadas no bar da minha escola e que proporcionam excelentes sabores para as pausas entre aulas ou reuniões (com colher de plástico desmontável, para comer em qualquer lugar). Uma espécie de Blédine para adultos...

5 comentários:

Ninguém.pt disse...

Ser adulto é coisa complicada... Por isso ainda não aderi a esse clube.


A aranha do meu destino


A aranha do meu destino
Faz teias de eu não pensar.
Não soube o que era em menino,
Sou adulto sem o achar.
É que a teia, de espalhada
Apanhou-me o querer ir...
Sou uma vida baloiçada
Na consciência de existir
A aranha da minha sorte
Faz teia de muro a muro...
Sou presa do meu suporte.


Fernando Pessoa

Dois pormenores na sua mensagem:

1. É curioso que nesta época em que tudo nasce e morre num repente, haja uma marca de comida para bebés com mais de 120 anos!

2. É lamentável que numa embalagem distribuída em escola haja um erro de regência... A frase devia ser, na minha modesta mas presumida opinião, assim: «A nossa fruta é tão boa que a desfizemos com elogios.»

Mas, enfim, já sabemos que deus não pode dar tudo...

Ninguém.pt disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Escrivaninha disse...

Hoje lá fui comer outra tacinha de fruta, preocupada de não ter retido bem a frase pubicitária. Não. É mesmo como eu reproduzi. Mas é mais prudente assim: decerto venderia menos com o português correcto, pois alguns consumidores compreenderiam os elogios como um dos ingredientes da refeição e poderiam ficar na dúvida sobre a conveniência de ingestão. (Infelizmente acredito que isto é possível...)

Ninguém.pt disse...

Desculpe, Miss, mas assim como a frase está é que indica que a fruta foi desfeita em elogios — portanto o que se está comendo são elogios...

"Desfazer-se em elogios" é uma acção que indica que alguém elogiou muito outrem: «Ele desfez-se em elogios ao poeta.» indica que ele fez muitos elogios ao poeta.

Para ser o poeta a ficar desfeito, terá que ser assim: «Ele desfez o poeta com elogios.»

Que saudades tenho do tempo em que as agências de publicidade contratavam poetas para escrever as frases que ouvíamos ou líamos...

Agora toda a gente pensa que sabe escrever e vai daí espalham-se.

Escrivaninha disse...

Pois terá razão, Mestre.

Eu hoje estou quase desfeita...e não é nem em nem com elogios.