quinta-feira, 9 de julho de 2009

Servir bem e bem servir...tornou-se um lema obsoleto?

Entrámos na sapataria que nos tinha sido indicada pelo dono numa feira promocional. O senhor tinha-me garantido uns sapatos confortáveis, depois de eu me ter queixado das minhas dificuldades em encontrar calçado adequado. Tinha até fornecido um catálogo, para escolhermos com calma, os modelos - um verdadeiro vendedor!
Vinte e tal Km depois encontrámos a sapataria. Quem lá estava dentro era uma jovem, com um top demasiado curto e uma banhita inestética de fora.
- Tem sapatos da Stonefly?
- Não...não...
- Estão atrás de si!
- Ah! Estes...pois, temos. - disse olhando para a prateleira que promovia a marca, com um grande anúncio, como se não soubesse que eles estavam ali.
A conversa já não começava bem... Esforço para vender: nenhum.
A minha sorte - ou a dela - era que eu estava mesmo decidida a comprar os sapatos.
Experimentar modelos...tem o número acima?...Obrigada. Pode fazer mais um furo na tira da sandália? Ah! Que bom...
Desiludidas, explicámos que o dono da loja nos tinha garantido mais variedade de modelos.
- Bem, ele não é o dono... - empertigou-se a pequena, revelando animosidade em relação ao homem que nos tinha interessado na loja, a ponto de fazermos uma deslocação propositada para a conhecermos.
Depois de muita insistência ela disse que ia telefonar a outra colega.
- Estou? Olá, sou eu! Sabes aqueles sapatos da cetonfli? (está explicado porque é que ela não conhecia a stonefly, o inglês dela era técnico.) - Imagina tu que o ...disse a umas senhoras que tínhamos os modelos todos do catálogo. Incrível, não é? - o seu semblante transparecia genuína indignação; até a banhita tremelicava com outro ritmo - Pois, não temos mesmo, não é? Tenho uma coisa para te contar...fica para depois...talvez...Fui multada porque tinha bebido um bocadinho. Oh, pá! Tanta gente aí a beber tanto e...pois...vê lá.
A conversa continuou por mais um tempo, enquanto procurávamos sozinhas mais motivos que justificassem a nossa deslocação de tão longe.
Por fim desligou. - Pois não temos. Eu logo vi.
- Bem, depois diga ao seu colega que viemos de propósito...
- Ah, pode crer! Pena serem de longe senão vinham cá quando ele cá estivesse!
O que me impressionou mesmo foi o olhar de triunfo da adolescentezeca, de poder repreender o colega, que tinha estado a trabalhar à noite numa feira e conseguira interessar novas clientes para a loja. Ele que se acautelasse! Aposto que ela própria lhe daria uma reprimenda! Falar dos sapatos da cetonfli, ainda por cima com sotaque de filme!...
Ela, certamente, vai pô-lo na ordem!

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