Pode existir uma "pessoa" sem ser "humana"?
Então, para quê, nos discursos politicamente correctos - até na própria legislação (essa, espera-se, que seja politicamente correcta) - utilizar a expressão "pessoa humana"? Não será tão censurável como "subir para cima" ou "descer para baixo"? Não é possível subir para baixo, nem ser uma pessoa não humana...
Eu iria terminar este texto falando nos pleonasmos, mas, quando consultei o dicionário para ter a certeza do que estaria a escrever, descobri este sinónimo, muito mais...mais...colorido.
Superfluidades desta democracia bem-falante!
3 comentários:
Estou em cima de um escadote a pintar o tecto.
Quando quero descer, o meu ajudante diz: "Desce para cima desse banco."
O alçapão para o sótão tem por cima uma mesa. Quando subo para o sótão, subo para (de)baixo da mesa...
Língua traiçoeira...
'Touché!' Mas as pessoas são todas humanas: não há pessoas que não sejam humanas e não há humanos que não sejam pessoas.
Priberam:
humano
(latim humanus, -a, -um)
adj.
1. Do homem ou a ele relativo.
2. Bondoso, benfazejo, compassivo.
Em relação a 1, não tenho a mínima dúvida de que todas as pessoas são...
Infelizmente, em relação a 2... você terá que concordar que, enfim, antes fossem todas as pessoas assim.
Em relação a pessoa, diz o Priberam, entre outras coisas:
Ser moral ou jurídico
Por exemplo, uma empresa é uma pessoa jurídica...
Mas concordo: na linguagem mais vulgar, pessoa = humano, humano = pessoa. Portanto, será um reforço enfático, uma redundância, um pleonasmo.
O circunlóquio é mais quando estamos a rodear o tema, quando usamos perífrases em vez de irmos directos ao assunto. Por exemplo: "andar à volta de uma tema de modo a evitá-lo" em vez de "contornar".
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