Começar o dia na esplanada, com os amigos, a beneficiar do sol, da companhia e de um "dolce far niente" que nos faz sorrir assim.
Tocam os sinos, em chamamento. Alvoroço na turma.
- Tenho de ir...Não gosto de ficar na missa cá atrás.
- Porquê? O Deus Nosso Senhor não está em todo o lado?
- Sim, mas o Padre não e eu não o ouço. Gosto de ficar à frente. Vamos indo.
- Eu já lá vou ter. Não faço questão de ficar à frente. Vou terminar o café.
Ficou a companhia diminuída. Houve uma triagem pelo grau de cristianidade. Ou, mais exactamente, pelo grau de militância, que a Fé não se mede pelas práticas. Pelo menos eu acho assim...Encalhei nos argumentos de Lutero e acho-lhes tino: Fazer boas obras nem sempre é sinónimo de Fé. Pode até ser de ostentação...A Fé só Deus sabe se a temos...Diria hoje Lutero, com vocabulário moderno - Quantas das práticas exibidas são apenas «show-off»!...
A conversa vai esmorecendo. Mais uns que se dispersam...Por fim ficamos só dois: - Bem...
- Melhor irmos indo também...
Arrastando os passso e a conversa até à porta onde nos separamos...que o domingo é isso mesmo. Dedicarmo-nos ao que é importante; àquilo em que vamos tendo Fé, tendo provas de Existência: Deus, os Amigos, a Solidariedade, um Sorriso, uma Companhia.
No fundo, trata-se tudo do mesmo: dos suportes de vida que vamos encontrando, daquilo que nos faz caminhar com segurança, de quem sentimos que nos ampara, neste mundo e no outro.
Dúvidas e hesitações todos vamos tendo: de uma resposta torta que nos faz duvidar da Amizade, de um comentário maldoso, que nos faz duvidar da Sinceridade da companhia, de uma morte (tão nova!) que nos faz duvidar de uma Justiça Divina...
Quem não tem dúvidas? Quem não tem necessidade de repensar a sua Fé em tudo o que lhe suporta a Vida, de vez em quando?...
Talvez a atmosfera do Domingo seja especialmente propícia a este tipo de reflexões.
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