Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
domingo, 8 de novembro de 2009
Um Dia de Domingo
"(...)Já não dá mais prá viver Um sentimento sem sentido Eu preciso descobrir A emoção de estar contigo...
Ver o sol amanhecer E ver a vida acontecer Como um dia de domingo...(...)"
O domingo era uma coisa pequena. Uma coisa tão pequena que cabia inteirinha nos teus olhos. Nas tuas mãos estavam os montes e os rios e as nuvens. Mas as rosas, as rosas estavam na tua boca.
Hoje os montes e os rios e as nuvens não vêm nas tuas mãos. (Se ao menos elas viessem sem montes e sem nuvens e sem rios...) O domingo está apenas nos meus olhos e é grande. Os montes estão distantes e ocultam os rios e as nuvens e as rosas.
...e num dia de domingo olhei para as etiquetas de seu blog e (consternação! horror!) não é que reparo que só há mais 6 partículas de felicidade do que palavras doridas???
O inveterado conquistador levou uma rapariga a uma importante loja, na sexta-feira à tarde, para a presentear com um casaco de peles. Pediu o melhor. Recusou um casaco de pele de raposa, de mil euros, por não achá-lo bastante bom. Outros casacos foram exibidos e os preços iam subindo, subindo, até chegar a um casaco de vison de vinte mil euros, que lhe agradou. A jovem quase desmaiou e, naturalmente, tornou-se muito amorosa. Ele, então, virou-se para o vendedor que os atendia e disse: — Sem dúvida, o senhor há-de querer verificar se o meu cheque tem cobertura. Como já é tarde, sugiro que verifique com o meu banco na segunda-feira de manhã. Passarei depois para levar o casaco. Na segunda-feira, a loja fez a verificação com o banco e constatou que o crédito do cavalheiro não podia ser pior. Logo depois, entrou o homem. Quando o vendedor começou a explicar-lhe que não tinha crédito no banco, ele sorriu e disse: — Disso eu sabia. Eu vim apenas agradecer-lhe o esplêndido fim-de-semana que passei.
Pois é, segunda-feira pomos mesmo os pés no chão...
josé luis: sempre foi um pouco assim, desde que comecei a «etiquetar» a minha vida. Mas, apesar da margem ser pequena, o saldo continua a ser positivo (com algum esforço e teimosia, reconheço). No entanto, as contagens nem sempre são exactas e esta é errónea por duas razões: a) é mais fácil escrever um lamento em busca de consolo do que «anunciar» a felicidade (sobretudo se estivermos ocupados a vivê-la) b) a contagem não inclui as «partículas de felicidade» vividas em consequência dos comentários às «palavras doridas». Obrigada pela preocupação, num dia de domingo!
Mendes Essa agora... Espero que a história seja apenas (re)contada... Isto só porque me custaria aceitar amigos que encaram o uso de peles de animais, claro :-)
6 comentários:
Pequena elegia chamada domingo
O domingo era uma coisa pequena.
Uma coisa tão pequena
que cabia inteirinha nos teus olhos.
Nas tuas mãos
estavam os montes e os rios
e as nuvens.
Mas as rosas,
as rosas estavam na tua boca.
Hoje os montes e os rios
e as nuvens
não vêm nas tuas mãos.
(Se ao menos elas viessem
sem montes e sem nuvens
e sem rios...)
O domingo está apenas nos meus olhos
e é grande.
Os montes estão distantes e ocultam
os rios e as nuvens
e as rosas.
Eugénio de Andrade
Canção de domingo
Que dança que não se dança?
Que trança não se destrança?
O grito que voou mais alto
Foi um grito de criança.
Que canto que não se canta?
Que reza que não se diz?
Quem ganhou maior esmola
Foi o Mendigo Aprendiz.
O céu estava na rua?
A rua estava no céu?
Mas o olhar mais azul
Foi só ela quem me deu!
Mário Quintana
...e num dia de domingo olhei para as etiquetas de seu blog e
(consternação! horror!)
não é que reparo que só há mais 6 partículas de felicidade do que palavras doridas???
Esplêndido fim-de-semana
O inveterado conquistador levou uma rapariga a uma importante loja, na sexta-feira à tarde, para a presentear com um casaco de peles. Pediu o melhor. Recusou um casaco de pele de raposa, de mil euros, por não achá-lo bastante bom. Outros casacos foram exibidos e os preços iam subindo, subindo, até chegar a um casaco de vison de vinte mil euros, que lhe agradou. A jovem quase desmaiou e, naturalmente, tornou-se muito amorosa.
Ele, então, virou-se para o vendedor que os atendia e disse:
— Sem dúvida, o senhor há-de querer verificar se o meu cheque tem cobertura. Como já é tarde, sugiro que verifique com o meu banco na segunda-feira de manhã. Passarei depois para levar o casaco.
Na segunda-feira, a loja fez a verificação com o banco e constatou que o crédito do cavalheiro não podia ser pior. Logo depois, entrou o homem. Quando o vendedor começou a explicar-lhe que não tinha crédito no banco, ele sorriu e disse:
— Disso eu sabia. Eu vim apenas agradecer-lhe o esplêndido fim-de-semana que passei.
Pois é, segunda-feira pomos mesmo os pés no chão...
josé luis: sempre foi um pouco assim, desde que comecei a «etiquetar» a minha vida. Mas, apesar da margem ser pequena, o saldo continua a ser positivo (com algum esforço e teimosia, reconheço).
No entanto, as contagens nem sempre são exactas e esta é errónea por duas razões:
a) é mais fácil escrever um lamento em busca de consolo do que «anunciar» a felicidade (sobretudo se estivermos ocupados a vivê-la)
b) a contagem não inclui as «partículas de felicidade» vividas em consequência dos comentários às «palavras doridas».
Obrigada pela preocupação, num dia de domingo!
Mendes
Essa agora...
Espero que a história seja apenas (re)contada...
Isto só porque me custaria aceitar amigos que encaram o uso de peles de animais, claro :-)
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