Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
Se calhar devia ter preenchido a grelha...com as coordenadas. :-)(o meu sorriso tem nariz, porque eu também sou muito «senhora do meu») Continuo nas memórias da viagem a Viseu e arredores.
Os ramos de árvores despidos que nos lembram o nada. Sobretudo na fase de exaltação do espírito. Com a cabeça encostada aos vidros altos.
Simultaneamente procurar o centro da irradiação. O sol matinal com os seus hiatos preenchidos por casas. Ameias onde se invertem os vértices do horizonte. Sol magnânimo
fixo sobre as árvores abençoadas sem folhas. Infinitos pormenores visíveis e espaços audíveis preenchem a hora exaltada. Ponto profusamente cheio. Um fino silêncio exterior
sinal do nada circundante. Graveto junto de graveto cruzados para além do fim da perspectiva. Um significado diverso naquelas ameias em outros planos. O nada sempre coeso. Uma respiração intangível e sem sombras.
Um homem muito friorento morre. Como teve uma vida exemplar, vai directamente para o Paraíso. Ao fim de algum tempo diz a São Pedro: — Está muito frio aqui. Não há um sítio mais quente? São Pedro manda-o para o Purgatório. Pouco depois, ele volta: — Faz muito frio no Purgatório. Não há nada mais quente? — Só o Inferno — diz São Pedro —, mas aquilo é terrível. — Não interessa, vou tentar. Passam três meses e não há notícias do homem. Um pouco inquieto com o que teria acontecido, São Pedro decide ir ter com o Diabo e pergunta-lhe o que aconteceu ao friorento. — Está ali — diz o Diabo, abrindo a porta do Inferno. No meio das chamas, São Pedro vê ao fundo uma silhueta toda encolhida. É o homem, que grita: — Fechem a porta, porra!
5 comentários:
... e que céu é este, captado tão sorrateiramente?
Se calhar devia ter preenchido a grelha...com as coordenadas. :-)(o meu sorriso tem nariz, porque eu também sou muito «senhora do meu»)
Continuo nas memórias da viagem a Viseu e arredores.
seguindo o seu raciocínio, vou passar a sorrir assim:
:--)
e isto é mesmo engraçado, um elefante a sorrir deve ser assim:
:-----------)
O nada. Sobretudo na fase de exaltação
Os ramos de árvores despidos que nos lembram
o nada. Sobretudo na fase de exaltação
do espírito. Com a cabeça encostada
aos vidros altos.
Simultaneamente procurar o centro
da irradiação. O sol matinal com os seus hiatos
preenchidos por casas. Ameias onde se
invertem os vértices do horizonte.
Sol magnânimo
fixo sobre as árvores abençoadas sem
folhas. Infinitos pormenores visíveis e
espaços audíveis preenchem a hora exaltada.
Ponto profusamente cheio. Um fino
silêncio exterior
sinal do nada circundante. Graveto
junto de graveto cruzados para além do fim
da perspectiva. Um significado diverso
naquelas ameias em outros planos. O nada
sempre coeso. Uma respiração intangível
e sem sombras.
Fiama Hasse Pais Brandão
A propósito de céu...
Um homem muito friorento morre. Como teve uma vida exemplar, vai directamente para o Paraíso. Ao fim de algum tempo diz a São Pedro:
— Está muito frio aqui. Não há um sítio mais quente?
São Pedro manda-o para o Purgatório. Pouco depois, ele volta:
— Faz muito frio no Purgatório. Não há nada mais quente?
— Só o Inferno — diz São Pedro —, mas aquilo é terrível.
— Não interessa, vou tentar.
Passam três meses e não há notícias do homem. Um pouco inquieto com o que teria acontecido, São Pedro decide ir ter com o Diabo e pergunta-lhe o que aconteceu ao friorento.
— Está ali — diz o Diabo, abrindo a porta do Inferno.
No meio das chamas, São Pedro vê ao fundo uma silhueta toda encolhida. É o homem, que grita:
— Fechem a porta, porra!
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