terça-feira, 20 de outubro de 2009

Tudo depende do nosso olhar...que às vezes fica turvo

"Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
Que eu vejo no mundo escolhos
Onde outros com outros olhos,
Não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores
Uns outros descobrem cores
Do mais formoso matiz.

Nas ruas ou nas estradas
Onde passa tanta gente,
Uns vêem pedras pisadas,
Mas outros, gnomos e fadas
Num halo resplandecente.

Inútil seguir vizinhos,
Querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.

Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes."


Impressão Digital, António Gedeão

1 comentário:

josé luís disse...

claro que depende!...


[mas o meu mestre rómulo de carvalho também escreveu:

«a catedral de burgos tem trinta metros de altura
e as pupilas dos meus olhos dois milímetros de abertura.

olha a catedral de burgos com trinta metros de altura!»]