Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
Colhi uma flor no meio do deserto. Era uma flor amarela, com um centro de fogo e uma língua branca que cuspia jorros de água vermelha. Apanhei essa água com um cálice de papel; e reguei a flor com a sua própria água. O caule crescia, quando a água entrava pela areia e abria o deserto à volta da flor. Por fim, havia um lago de água vermelha no meio do deserto; e a flor crescera tanto que era uma ilha, com as pétalas a caírem para todos os lados, como encostas de fogo que eu subia, com a minha flor amarela na boca. No cimo do caule, saí para o centro da flor, e encontrei um campo de pólen onde crescia uma floresta de estames. Plantei a minha flor nesse campo; e vi-a multiplicar-se em sucessivos desertos de flores amarelas, com centros de fogo, de onde línguas brancas cuspiam jorros de água vermelha.
2 comentários:
Floricultura
Colhi uma flor no meio do deserto. Era uma flor amarela, com um centro de fogo e uma língua branca que cuspia jorros de água vermelha. Apanhei essa água com um cálice de papel; e reguei a flor com a sua própria água. O caule crescia, quando a água entrava pela areia e abria o deserto à volta da flor. Por fim, havia um lago de água vermelha no meio do deserto; e a flor crescera tanto que era uma ilha, com as pétalas a caírem para todos os lados, como encostas de fogo que eu subia, com a minha flor amarela na boca. No cimo do caule, saí para o centro da flor, e encontrei um campo de pólen onde crescia uma floresta de estames. Plantei a minha flor nesse campo; e vi-a multiplicar-se em sucessivos desertos de flores amarelas, com centros de fogo, de onde línguas brancas cuspiam jorros de água vermelha.
Nuno Júdice
Um deserto de flores amarelas de onde jorram línguas de água vermelha? Miragem de poeta!
Enviar um comentário