Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Palavreado
é assim uma espécie de sapateado de palavras, não é?
Com fúria e raiva acuso o demagogo E o seu capitalismo das palavras
Pois é preciso saber que a palavra é sagrada Que de longe muito longe um povo a trouxe E nela pôs sua alma confiada
De longe muito longe desde o início O homem soube de si pela palavra E nomeou a pedra a flor a água E tudo emergiu porque ele disse
Com fúria e raiva acuso o demagogo Que se promove à sombra da palavra E da palavra faz poder e jogo E transforma as palavras em moeda Como se fez com o trigo e com a terra
Mendes: penso que abrirá uma excepção à condenação do uso das palavras como moeda de troca, se a causa for boa. Quantos de nós não usamos a palavra...para seduzir...buscando sorrisos, aprovação, admiração, mimo, (ou comentários) em troca? Eu não atirarei a primeira pedra!
6 comentários:
muito obrigado pelo ansiosamente aguardado comentário "com responsabilidade" às minhas incompletas fábulas... };-)
«[…] é preciso saber que a palavra é sagrada […]»
Com fúria e raiva
Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras
Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pôs sua alma confiada
De longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu porque ele disse
Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra
Sophia de Mello Breyner Andresen
Palavras de O’Neill na voz de Mariza:
http://www.youtube.com/watch?v=Snysz4zzHZI
Há palavras que nos beijam
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperançar louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
Alexandre O'Neill
José Luis: Como é óbvio o meu 'post' era apenas um comentário «sapateado» à minha etiqueta.
Faça o favor de não me pressionar para o comentário! :-)
Mendes: penso que abrirá uma excepção à condenação do uso das palavras como moeda de troca, se a causa for boa. Quantos de nós não usamos a palavra...para seduzir...buscando sorrisos, aprovação, admiração, mimo, (ou comentários) em troca?
Eu não atirarei a primeira pedra!
tem razão, assim não vale ;-)
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