quarta-feira, 18 de maio de 2011

Paráfrase

"Este poema começa por te comparar
com as constelações,
com os nomes mágicos
e desenhos precisos,
e depois
um jogo de palavras indica
que sem ti a astronomia
é uma ciência infeliz.
Em seguida, duas metáforas
introduzem o tema da luz
e dos contrastes
petrarquistas que existem
na mulher amada,
no refúgio triste da imaginação.

A segunda estrofe sugere
que a diversidade de seres vivos
prova a existência
de Deus
e a tua, ao mesmo tempo
que toma um por um
os atributos
que participam da tua natureza
e do espaço criador
do teu silêncio.


Uma hipérbole, finalmente,
diz que me fazes muita falta."


Pedro Mexia

1 comentário:

Ninguém.pt disse...

Miss, é uma declaração muito sui generis, realmente científico-descritiva.

Deixo-lhe uma outra igualmente especial, mas mais florida...

Declaração de amor


Minha flor minha flor minha flor.

Minha prímula meu pelargônio meu gladíolo meu botão-de-ouro.

Minha peônia.

Minha cinerária minha calêndula minha boca-de-leão.

Minha gérbera.

Minha clívia.

Meu cimbídio.

Flor flor flor.

Floramarílis, floranêmona, florazálea, clematite minha.

Catléia delfínio estrelítzia.

Minha hortensegerânea.

Ah, meu nenúfar, rododendro e crisântemo e junquilho meus.
Meu ciclâmen, macieira-minha-do-japão.

Calceolária minha.

Daliabegônia minha, forsitiaíris tuliparrosa minhas.

Violeta... amor-mais-que-perfeito.

Minha urze, meu cravo-pessoal-de-defunto.

Minha corola sem cor e nome no chão de minha morte.


Carlos Drummond de Andrade



Beijito.