domingo, 3 de abril de 2011

A Sedução das Palavras

A minha relação com os jornais e as revistas deixa-me muito curiosa, intrigada...
A sedução nunca é à primeira (ponho-me a pensar se será só com a leitura...).
A tabacaria perto da minha casa tem uns escaparates cá fora que são quase sempre os causadores das nossas primeiras trocas de olhares.
A primeira coisa que vejo são os aspectos desagradáveis, designadamente, os slogans autopromocionais. «Super Interessante», que arrogância! «i: o jornal com o melhor design do mundo», francamente!...
Com esta coisa da moral cristã em que me educaram devemos ser humildes. Mas, depois, existe toda esta sociedade bacoca onde os medíocres são saudados e os bons (incluindo na humildade) são esquecidos, atropelados, estropiados, caluniados e preteridos num jornalismo que vive de néons e de apostas no mediático de qualidade duvidosa.
Já por aqui contei como me rendi à Superinteressante e este texto é motivado por outra rendição, pela capitulação perante o reconhecimento da justeza da autopromoção. Desta vez foi o jornal i. Estou a um passo de passar a considerar a arrogância como autoestima e coragem da sua proclamação aos 4 ventos.
A semana passada comprei o i, também muito pelo design da capa e pelos títulos de capa, entre os quais uma entrevista com Tolentino de Mendonça, que ainda não tive tempo para ler.
Este domingo, sentei-me na mesma mesa de café que o i, que o filho da dona do café tinha comprado e disponibilizado aos clientes.
Rendi-me completamente. Cheguei a casa, registei-me online no jornal para fazer um comentário - irresistível - a um artigo de opinião sobre o chicoespertismo português e deliciei-me com uma entrevista a Luis Miguel Rocha, apelidado de «o Dan Brown português» que também evidencia uma autoestima que lhe permitiu o sucesso. O que achei mais curioso foi a reacção dele perante as péssimas críticas dos colegas e amigos ao seu primeiro texto: «É tão bom que eles não conseguiram perceber.»
Por isso aqui dou a mão à palmatória: talvez a humildade em excesso não seja uma virtude. Vamos então passar para o certeiro slogan do Matinal: «Se eu não gostar de mim, quem gostará?»
'Bora lá para a autopromoção!

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