Avatar e Sherlock Holmes foram os dois filmes que vi nestas Festas. Ambos fantasias; ambos com heróis; ambos interessantes.
Mas descobri que gosto mais de sonhar com homens que não tenham cauda nem orelhas em bico. Sei lá, apesar das suas heroicidades serem também inverosímeis têm uma certa de dose de possibilidade sonhada, que os tornam, para mim, mais apetecíveis. Talvez por me conseguir imaginar a rodar numa carruagem nas antigas ruas de Londres e não me conseguir imaginar a voar num dragão cor de laranja...
A imaginação e a equação de possibilidades, mesmo de sonho, também têm a ver com a idade. Creio que, em relação à ficção científica, me fiquei pela Guerra das Estrelas...mas Sherlocks podem vir mais!
5 comentários:
Fantasia
Canto ou não canto o limoeiro
Aqui ao lado?
Ele é tão delicado!
Tem um jeito tão puro
De se encostar ao muro
Onde vive encostado...
Canto ou não canto as tetas de donzela
Que daqui da janela
Vejo no limoeiro?
Elas são tão maduras...
E tão duras...
Têm uma cor e um cheiro...
Canto!
Nem serei o primeiro,
Nem eu sou nenhum santo!
Miguel Torga
Sei que são de outro género os heróis com que a Escrivaninha sonha, mas não posso deixar de recordar estes...
Receita para fazer um herói
Toma-se um homem
Feito de nada como nós
Em tamanho natural
Embebe-se-lhe a carne
De um jeito irracional
Como a fome, como o ódio
Depois perto do fim
Levanta-se o pendão
E toca-se o clarim...
Serve-se morto
Reinaldo Ferreira
Com os heróis a sério também sonho e choro, mas não era, de facto, a esses que me referia neste palavreado. Está mais de acordo com a Fantasia do Torga.
Mas agradeço a recordação dos verdadeiros, pois, talvez até, não devamos invocar o nome de heróis em vão...
Também há outros heróis...
http://www.youtube.com/watch?v=iuo2I7DIiaU
Cavaleiro andante
Porque sou o cavaleiro andante
Que mora no teu livro de aventuras
Podes vir chorar no meu peito
As mágoas e as desventuras
Sempre que o vento te ralhe
E a chuva de maio te molhe
Sempre que o teu barco encalhe
E a vida passe e não te olhe
Porque sou o cavaleiro andante
Que o teu velho medo inventou
Podes vir chorar no meu peito
Pois sabes sempre onde estou
Sempre que a rádio diga
Que a américa roubou a lua
Ou que um louco te persiga
E te chame nomes na rua
Porque sou o que chega e conta
Mentiras que te fazem feliz
E tu vibras com histórias
De viagens que eu nunca fiz
Podes vir chorar no meu peito
Longe de tudo o que é mau
Que eu vou estar sempre ao teu lado
No meu cavalo de pau
Carlos Tê
Ah, esse herói!...
Aquele que todas nós esperamos, porque fomos nós que o inventámos...Esse é o herói perfeito, de facto.
(acho que eu estive lá, naquele concerto de 88!)
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