terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Estratégia Temporal

"É a queixa do milénio: não tenho tempo para ter tempo. (...)
Encontrar o nosso próprio ritmo, a nossa medida, (...) é um trunfo. Fazer isto é fazer uma finta ao tempo., sabendo usá-lo com a nossa inteligência. O tempo não tem estratégias, só consegue avançar sempre da mesma forma e sempre com a mesma pressa. A nós cabe-nos a admirável agilidade de o fazer render, de o usar, porque ele não cede um segundo."


Oliveira, A.M. e Cannas, J., O Ritmo da Vida in Admirável Mundo, p. 59

3 comentários:

Ninguém.pt disse...

«[…] estrangule a ampulheta duma vez!»...

Tempo


Tempo — definição da angústia.
Pudesse ao menos eu agrilhoar-te
Ao coração pulsátil dum poema!
Era o devir eterno em harmonia.
Mas foges das vogais, como a frescura
Da tinta com que escrevo.
Fica apenas a tua negra sombra:
— O passado,
Amargura maior, fotografada.

Tempo...
E não haver nada,
Ninguém,
Uma alma penada
Que estrangule a ampulheta duma vez!

Que realize o crime e a perfeição
De cortar aquele fio movediço
De areia
Que nenhum tecelão
É capaz de tecer na sua teia!


Miguel Torga

Ninguém.pt disse...


Poeminha sobre o tempo


O despertador desperta,
acorda com sono e medo;
por que a noite é tão curta
e fica tarde tão cedo?


Millôr Fernandes

Escrivaninha disse...

Da negritude de um possível estrangulador à inocência de um "poeminha". Ah! Como a doçura do sotaque transforma a angústia em simples susto, quase pueril!