quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Dia de Reis

Creio que pela primeira vez na minha vida (desde que me lembro), no Dia de Reis, não comi Romã com vinho do Porto.
A minha mãe sempre insistia nesta tradição, para que, durante todo o ano, houvesse dinheiro.
Talvez por isso, sempre associei os baguinhos da romã a pequenas moedas, ou até, pepitas de um ouro vermelho, um ouro só meu, que um dia iria descobrir numa mina...
Talvez entre numa casa de jogo até ao fim da semana, tentando a sorte de um ano em que não fiz o ritual do dinheiro...
Quem sabe?...

2 comentários:

josé luís disse...

faço minhas as palavras do bogart no "casablanca":

«here's looking at you, kid!»

;-)

Ninguém.pt disse...

Na voz de Carlos do Carmo ou na do Tordo, não encontrei este

Fado da pouca sorte

De manhã a vender na Avenida,
ou à tarde nas ruas da Baixa
está o cauteleiro
a gritar que há horas na vida
à carteira de que não tem
pão porque não tem dinheiro.
Tantos contos que são a taluda,
tantas notas sonhadas só ele
as atira pró ar.
Já que a sorte da gente não muda,
que tristeza termos de pensar
isto vai a jogar.

Quinze mil quatrocentos e três.
Nove mil trezentos e dez.
Mas o mal que o dinheiro nos fez
durante a vida toda...
Amanhã não anda a roda!

Um bilhete que sabe a desgraça,
uma vida passada à espera da terminação.
Mas o cauteleiro é que passa,
a má sorte jogada no duro da aproximação.
A voz lenta apregoa a cautela,
esperança louca de quem nunca teve
uma nota na mão.
Mas a sorte também tem com ela
a miséria de quem fez do jogo
o seu ganha-pão.

Quinze mil quatrocentos e três.
Nove mil trezentos e dez.
Mas o mal que o dinheiro
nos fez durante a vida toda...
Amanhã não anda a roda!


Ary dos Santos