domingo, 4 de janeiro de 2009

Rentrée

Não gosto de estrangeirismos. Por norma não os utilizo e tento sempre “corrigir” quem os usa com um sinónimo nacional, mas…por muito que me custe há sempre uma excepção, um momento em que quebramos a nossa coerência monolítica, ou em que temos que reconhecer que, afinal, os outros têm mais razão que nós.
E eu hoje, dei comigo, em mais do que uma ocasião, a desejar “boa rentrée” aos amigos que amanhã recomeçam a sua rotina.
Procurei “desejar outra coisa qualquer” mas nada encaixava na questão:
- Boa reentrada, seria a tradução lógica. Tentem lá dizer: aquele “e” repetido enrola-se na garganta e não tem um som nada agradável. Acho mesmo que esticamos um pouco o pescoço a dizer aquilo – sinto-me um ganso e não gosto do efeito.
- Bom regresso às aulas! Afinal estou entre professores, o regresso ao trabalho é também o regresso às aulas. Não…não fica nada bem. Tem o sabor de uma campanha do Modelo e Continente para comprar o material escolar. Não é o espírito. O “regresso às aulas” é o início do ano lectivo, depois das férias (agora foi só uma interrupção lectiva”).
Sobra a rentrée. E fica lá tão bem! A rentrée refere-se a uma época e os períodos lectivos são épocas , não há outra hipótese.
Ainda por cima, este ano esta expressão serve para todos os trabalhadores, pois o feriado à quinta-feira convidava a uma ponte a que poucos resistiram e surge, de facto, como o início de uma nova época (não muito auspiciosa, pelas expressões faciais dos condenados com quem convivi hoje à tarde).
Por isso, por muito que me custe, o que eu quero desejar a quem me visita por aqui, é: boa rentrée!

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