domingo, 18 de janeiro de 2009

(Des)ilusão

"- Desculpe eu estar a chorar. - desculpei-me envergonhada das lágrimas que corriam - Mas eu ...sofri uma grande desilusão!
- Chore! Chore tudo o que quiser. Tem todo o direito e faz-lhe bem - fez uma pausa e adoptou um tom muito sério - Mas quando conseguir, pense num aspecto de tudo isto que agora não está a ver: só sofreu uma desilusão porque foi capaz de ter uma ilusão. E isso é maravilhoso! Saber que a vida ainda não lhe tirou a capacidade de ter ilusões, de se iludir, de sonhar, de se entregar a um sonho ou a uma ilusão. Essa capacidade de entrega é só sua. É uma conquista sua. Procure não a perder! Mantenha a capacidade de ter ilusões (ainda que desconfie, um pouco, que lá mais para a frente se podem tornar em desilusões). Não há nada melhor! Ter ilusões...Ora aí está uma coisa de que eu tenho saudades!
Olhei-a por momentos, os seus cabelos brancos, as suas rugas... e depois redobrei o choro, que me parecia agora mais consolador."

Volto a este episódio várias vezes na vida e sempre encontro conforto na recordação destas palavras.

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