quarta-feira, 28 de março de 2012

Obituário

Vários dias sem passar por aqui, banhada no rio de papeis que sobe de caudal em cada época de avaliações e o que tenho obrigatoriamente que registar aqui hoje são duas tristes notícias: o desaparecimento de dois mágicos das palavras.

Por estes dias morreram António Tabucchi e Millôr Fernandes.

Continuaremos a frequentá-los, amigos.

2 comentários:

Ninguém.pt disse...

Tinha que ser:

A MORTE

E o Poeta morreu.
A sombra do cipreste pôde enfim
Abraçar o cipreste.
O torrão
Caiu desfeito ao chão
Da aventura celeste.

Nenhum tormento mais, nenhuma imagem
(No caixão, ninguém pode
Fantasiar.)
Pronto para a viagem
De acabar.

Só no ouvido dos versos,
Onde a seiva não corre,
Uma rima perdura,
A dizer com brandura
Que um Poeta não morre.


Miguel Torga

Beijito, Miss Ilha-Rodeada-de-Papéis-por-Podo-o-Lado

Ninguém.pt disse...

POEMINHA DE LOUVOR
AO STRIP-TEASE SECULAR


Eu sou do tempo em que a mulher
nem mostrava o tornozelo;
que apelo!

Depois, já rapazinho
vi as primeiras pernas de mulher
por sob a curta saia;
que gandaia!

A moda avança,
a saia sobe mais,
mostrando já joelhos
lupercais!

As fazendas com os anos,
se fazem mais leves,
e surgem figurinhas, pelas ruas,
mostrando as lindas formas quase nuas.

E a mania do sport
trouxe o short.

O short amigo,
que trouxe consigo,
o maiô de duas peças.

E logo, de audácia em audácia,
a natureza, ganhando terreno,
sugeriu o biquini,
o maiô, de pequeno, ficando mais pequeno
não se sabendo mais,
até onde um corpo branco,
pode ficar moreno.

Deus, a graça é imerecida,
Mas dai-me ainda
Uns aninhos de vida!


Millôr Fernandes

O que me aterroriza é pôr a hipótese de tudo isto regredir e voltarmos ao início…

Beijito, Miss.