Vários dias sem passar por aqui, banhada no rio de papeis que sobe de caudal em cada época de avaliações e o que tenho obrigatoriamente que registar aqui hoje são duas tristes notícias: o desaparecimento de dois mágicos das palavras.
Por estes dias morreram António Tabucchi e Millôr Fernandes.
Continuaremos a frequentá-los, amigos.
2 comentários:
Tinha que ser:
A MORTE
E o Poeta morreu.
A sombra do cipreste pôde enfim
Abraçar o cipreste.
O torrão
Caiu desfeito ao chão
Da aventura celeste.
Nenhum tormento mais, nenhuma imagem
(No caixão, ninguém pode
Fantasiar.)
Pronto para a viagem
De acabar.
Só no ouvido dos versos,
Onde a seiva não corre,
Uma rima perdura,
A dizer com brandura
Que um Poeta não morre.
Miguel Torga
Beijito, Miss Ilha-Rodeada-de-Papéis-por-Podo-o-Lado
POEMINHA DE LOUVOR
AO STRIP-TEASE SECULAR
Eu sou do tempo em que a mulher
nem mostrava o tornozelo;
que apelo!
Depois, já rapazinho
vi as primeiras pernas de mulher
por sob a curta saia;
que gandaia!
A moda avança,
a saia sobe mais,
mostrando já joelhos
lupercais!
As fazendas com os anos,
se fazem mais leves,
e surgem figurinhas, pelas ruas,
mostrando as lindas formas quase nuas.
E a mania do sport
trouxe o short.
O short amigo,
que trouxe consigo,
o maiô de duas peças.
E logo, de audácia em audácia,
a natureza, ganhando terreno,
sugeriu o biquini,
o maiô, de pequeno, ficando mais pequeno
não se sabendo mais,
até onde um corpo branco,
pode ficar moreno.
Deus, a graça é imerecida,
Mas dai-me ainda
Uns aninhos de vida!
Millôr Fernandes
O que me aterroriza é pôr a hipótese de tudo isto regredir e voltarmos ao início…
Beijito, Miss.
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