quinta-feira, 1 de março de 2012

Há tempos

e tempos.
E há que tempos que eu não vinha aqui!
O que merece um texto próprio; ou apropriado. Não meu, mas de quem sobre o tempo escreve.

"Há diferentes formas de entender o tempo enquanto realidade. Nas culturas orientais vêem-no como uma circularidade, uma ciclicidade. Por este lado do mundo pensa-se o tempo como sendo algo linear, recto.
Sabemos que o tempo nos antecede e compreendemos relativamente bem que não acaba quando nóes deixarmos esta vida. Mas a morte aparece como uma certeza de grau diferente, que interpela o íntimo e obriga a viver de forma completamente distinta, como se se tratasse da regra mais importante do jogo.
Ao contrário da nossa existência antes do nascimento, que para ninguém parece ter o mínimo interesse, o que se passará connosco depois da morte já deixa quase o mundo inteiro preocupado."
José Luis Nunes Martins, Nos tempos da morte, Jornal I Fim de Semana, 25 e 26 de Fevereiro de 2012

E a forma de encararmos o tempo depois do tempo de vida talvez seja a característica que mais nos distingue uns dos outros, em termos de cultura coletiva e de comportamentos individuais. Viver em função de continuar a vida depois da morte, ou viver acreditando nas razões biológicas de que só há uma vida?
Será que só se vive uma vez?
Será que se acredita na mesma coisa sobre este assunto durante a vida toda ou, à medida que o tempo avança, a nossa percepção do tempo e do seu carácter único pode modificar-se?

Alguém poderia argumentar: "São coisas que só o tempo pode responder." Mas será que o tempo dá respostas? Ou só cria mais perguntas?
O tempo o dirá! Dirá?

2 comentários:

Ninguém.pt disse...

Pouco me interessa apurar se só se vive uma vez: se não aproveitar para viver nesta vida, terei vivido sempre menos uma vida.

Suponho (vou tendo a certeza...) que só começamos a dar importância ao tempo quando ele nos vai faltando. E quanto mais próximo vou ficando do inevitável fim, mias aumenta a ansiedade e diminui a clarividência.

Mas a Miss é ainda muito nova para se sentir pressionada por minudências tão... minudentes.

Beijito.

Escrivaninha disse...

Muito agradecida.
Isto de ser nova ou menos nova é muito relativo. Cada vez me convenço mais que é uma questão de escolher as companhias: a partir de certa idade comecei a adorar dar-me com pessoas mais velhas, que me chamam menina, dizem "é uma jovem", ou até, que me chamam 'Miss'. :-)
Já por outro lado, se, em frente dos alunos, me descai a expressão "eu sou moça para isso", é ver os petizes a conter o riso, ou com um leve ar de pena "por a cota não ter a noção de quem é".
Mas enfim, certo é que já tenho mais idade que o meu api alguma vez teve e que já teria iade para ser avó se tivesse sido mãe.
Cada vez mais me ocupo do tema do tempo, da forma como o encaramos, como o transmitimos, como o percepcionamos e como o vivemos.
Beijito, Mestre.