Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
"Perguntei por mim, quis saber de nós, mas o mar não me traz tua voz"
1 comentário:
Isso era antigamente, Miss, quando as chamadas vinham pelo cabo submarino...
Agora quem traz a voz é a atmosfera, via satélite...
Menininho doente
Na minha rua há um menininho doente.
Enquanto os outros partem para a escola,
junto à janela, sonhadoramente,
ele ouve o sapateiro bater sola.
Ouve também o carpinteiro, em frente,
Que uma canção napolitana engrola.
E pouco a pouco, gradativamente,
o sofrimento que ele tem se evola...
Mas nesta rua há um operário triste:
não canta nada na manhã sonora,
e o menino nem sonha que ele existe.
Ele trabalha silenciosamente...
E está compondo este soneto agora
pra alminha boa do menino doente.
Mário Quintana
Beijito.
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