segunda-feira, 9 de março de 2020

Entre as brumas de memórias

O que custa nisto de arrumar, etiquetar, descartar, doar ou destruir, é que estamos sempre a lidar com o que foram as expectativas de alguém. Por vezes mesmo de nós próprios quando éramos outros.
Como me encontrei adolescente nos cadernos do John Travolta (eu já não sou essa rapariga...) ou bébé no fato de baptizado (o que terão os meus pais e padrinhos desejado para mim naquele dia), ou mocinha que pediu à avó uma renda de lençol que ela nunca chegou a acabar... Os cadernos da escola, as memórias da 1ª viagem, os postais de amigos que já nem consigo identificar pela letra ou pelo contexto.
Tanta coisa que já não faz sentido.
Tão doloroso tomar decisões!
Tão precioso poder dispor deste tempo longo para o fazer, sem pressas, ao sabor de uma energia rala e flutuante, do tem que ser, do vai ser hoje, do hoje é impossível...
Tanto de nós que fica nas coisas, tantas memórias...tanta traição aos que nos precederam por não compreender o sentido de certas coisas...talvez agora já não tenham sentido e não haja qualquer traição, só o evoluir dos tempos, o crescer, o ultrapassar...
É tudo tão difícil!

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