sexta-feira, 10 de maio de 2013

Uma aula de hoje

Como de cada vez que se lê um poema (ou qualquer coisa) pode ser sempre a primeira vez, hoje fiquei maravilhada com estes excertos do Poema para Galileu:

"Eu queria agradecer-te, Galileu, 
A inteligência das coisas que me deste"

"por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade"

E tinha sido eu a escolher o poema, a preparar a aula.
Mas hoje, ali, no ambiente da manhã lavada pelos olhos dos alunos, estes excertos pareceram-me de uma justeza tão grande, que dei comigo emocionada a explicar a revolução científica do séc. XVII.

3 comentários:

Ninguém.pt disse...


«Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente… e não a gente a ele!»

Mario Quintana

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A VERDADEIRA MÃO


A verdadeira mão que o poeta estende
não tem dedos:
é um gesto que se perde
no próprio acto de dar-se

O poeta desaparece
na verdade da sua ausência
dissolve-se no biombo da escrita

O poema é
a única
a verdadeira mão que o poeta estende

E quando o poema é bom
não te aperta a mão:
aperta-te a garganta

Ana Hatherly


Gedeão foi um grande poeta e um grande Homem. Talvez por isso, e porque vivemos num mundo de invejas e intrigas, não seja tão louvado e tão divulgado como merece. Se não fossem os cantadores do nosso contentamento, se calhar nem conhecido era.

Beijito, Miss.

Escrivaninha disse...

Era muito jovem quando li o primeiro poema de Gedeão: Lágrima de Preta, numa aula de 8º ano.
(O primeiro poema de ler, que A Pedra Filosofal era de ouvir).
Muitos anos mais tarde, o primeiro livro de poesia que li e gostei foi a Poesia Completa de António Gedeão.
E está presente na minha tese.
Para além da referência como poeta e cientista tenho-o como referência de Professor, que os seus alunos recordam com carinho e admiração.

Beijito, Mestre.

Ninguém.pt disse...

Falei em inveja deste mundinho pequeno que é a intelectualidade portuguesa.

Só uma nota de reforço: tenho uma "Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa", da autoria de Eugénio de Andrade, em que o autor se "esqueceu" de poetas tão importantes (para mim) como:
• Joaquim Pessoa
• Ana Hatherly
• Maria Teresa Horta
• Casimiro de Brito

e, em relação aos consagradíssimos já falecidos, esqueceu também
• Al Berto
• Natália Correia
• José Carlos Ary dos Santos
• António Gedeão

Isto já sem falar que fez o que fazem quase todos os poetas: excluir os cantautores e os fazedores de canções. E sabemos bem como alguns são poetas de excelência (Zeca, Sérgio, Fausto, Mafalda Veiga, …).

Depois de me ter apercebido destes "esquecimentos", a minha opinião sobre Eugénio mudou bastante: é um belíssimo poeta, mas como homem não merece a maiúscula.

Ao contrário, é evidente, de Rómulo de Carvalho: Homem com maiúscula muito grande.

Beijito, Miss.