segunda-feira, 27 de maio de 2013

"Enquanto não há amanhã: ilumina-me, ilumina-me" (Pedro Abrunhosa)

Fiquei muito surpreendida (e chocada) por ver as manifestações em França contra a legislação que autoriza o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Nunca me passaria pela cabeça manifestar-me contra a liberdade de outros. Manifestar-me-ia contra qualquer obrigatoriedade, nunca contra a liberdade. Que diferença faz àquela gente que outros se casem com quem querem? Preferem que as pessoas tenham, a vida inteira, relações escondidas atrás de fachadas moralistas de falsos casamentos «normais»?
Eu...não entendo. Perfilho da opinião de Voltaire - naquele tempo em que se fundava um mundo novo - que dizia:
"Não estou de acordo com aquilo que dizeis, mas lutarei até ao fim para que vos seja possível dizê-lo."

Mas isso foi no tempo do Iluminismo!

2 comentários:

Ninguém.pt disse...


LIBERDADE


— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.


Miguel Torga


Há muito quem tenha a tendência a considerar a liberdade uma dádiva dos céus, quando, na verdade, ela é uma conquista dos homens.

Há também quem se esqueça que a liberdade de cada um se cimenta na liberdade de todos os outros e que só defendendo a dos outros defendemos e ampliamos a nossa.

Lutar contra a liberdade alheia, que desperdício! Antes gastassem as energias em lutas que aproveitassem a todos.

Beijito, Miss.

Escrivaninha disse...

Tão belo!

Guardei-o numa arquivo de textos que tem andado muito esquecido, aqui mesmo ao lado.

Obrigada.

Beijito, Mestre.