"Um homem que cultiva o seu jardim, como queria Voltaire.
O que agradece que na terra haja música.
O que descobre com prazer uma etimologia.
Dois empregados que, num café do sul, jogam um silencioso xadrez.
O ceramista que premedita uma cor e uma forma.
O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez nem lhe agrade.
Uma mulher e um homem que leem os tercetos finais de um certo canto.
O que acarinha um animal adormecido.
O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.
O que agradece que na terra haja Stevenson.
O que prefere que os outros tenham razão.
Estas pessoas, que se ignoram, estão a salvar o mundo."
Jorge Luis Borges
2 comentários:
Acho que tem toda a razão, o Poeta.
O mundo salva-se pela soma dos pequenos impulsos que cada um de nós pode dar-lhe no rumo da salvação.
Complementando o pensamento do Jorge, palavras de um outro Poeta:
«Não há homens salvadores. Não há Messias. O máximo que um grande homem pode ser é um estimulador de almas, um despertador de energias alheias. Salvar um homem a um povo inteiro — como o poderá fazer, se esse povo inteiro não fizer por salvar-se — isto é, se esse povo inteiro não quiser ser salvo? «Obra tu a tua salvação» diz S. Paulo; e o grande homem é aquele que mais profundamente compelir cada alma a, de facto, operar a sua própria salvação.»
Fernando Pessoa
Beijito, Miss. Vamos lá salvar o mundo!
Boa noite, Mestre. Beijito.
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