segunda-feira, 2 de abril de 2012

Cidadania Portuguesa

"Não, professora, não podemos desencadear o processo sem si. Porque tem de passar um cheque de um euro e vinte cinco cêntimos ao Diretor do ADSE."
"Mas eu não tenho cheques. E não vou comprar por causa de 1 € e 25."
"Mas tem de ser assim, para uma segunda via..."
"Está bem, obrigada. Eu vou tentar contactar diretamente a ADSE."
"Pois..."
Afinal ligaram a seguir, a dizer que também poderia ser por vale postal. No valor de 1 € e 25.

Ao menos no cartão do cidadão são 15 € e no IMTT 30 €.
Claro que não gosto de pagar muito, mas não é ridículo que tenha de pagar através de um documento que deve custar mais que isto uma despesa de 1€ e 25? Não seria lógico que eu pagasse na secretaria da escola?

"Tem de ser um documento pessoal."

Assim vai este país.

No IMTT: "Tenho o comprovativo de pedido do cartão do cidadão."
"Tem de ter o nº de contribuinte".
"Está contido neste..."
"Mas não está aí escrito."
"Eu sei ler. Sei que não está aqui escrito. Mas eu sei-o de cor. Não pode verificar no computador?"
"Tem de ter um comprovativo das finanças."
"Mas a este CC só pode corresponder um NIF...E tenho o passaporte..."
"Tem de trazer um papel das finanças."
"E onde ficam? E posso manter a senha de atendimento?"
"Se chegar depois das 16 já só atendemos quem cá está dentro."
"Mas isto não tem jeito nenhum! (e muita outra refilice) O senhor desculpe, mas é quem está à minha frente..."
"Por mim...está a pedir-me desculpa? Eu ouço muito pior. E, não é nada comigo."

Afinal tudo se resolveu, graças a um amigo que liderou a questão, ouvindo a refilice, conduziu o carro por entre ruas e ruelas de Leiria, a tempo de voltar ao IMTT com «um print» (sic) de um registo das Finanças.
E com sítios muito melhores que ele teria para passar a primeira segunda feira sem aulas!
Graças a Deus no caminho de regresso havia uma pastelaria que tinha umas bolas de Berlim que fazem bem à maior parte dos desgostos e das irritações.

Páginas da vida de uma cidadã portuguesa.

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