quarta-feira, 25 de abril de 2012

Auto-crítica

O tempo chora pela memória do 25 de Abril de 1974 e pelo Miguel Portas.
Está um dia daqueles lamentável de chuva miudinha e constante.
No café li finalmente a entrevista do DNMagazine a Miguel Real cuja frase chave era "Na política estão os piores de nós".
Vou até à Tabacaria. Hoje é dia de ter tempo para ler o jornal. O jornal I tem uma capa bonita, bonita mesmo, em que a meia foto de Miguel Portas encima o título sobre o 25 de Abril e um Cravo Vermelho.
Regresso a casa, ligo o rádio como no tempo da Revolução em que a televisão funcionava a tempos curtos limitados e sento-me no sofá a ler o jornal. O tema é, claro, o 25 de Abril, as perdas de direitos, as mudanças nas carreiras e no estilo de vida, algumas recordações bem interessantes sobre o processo revolucionário, a polémica entre os «históricos» e o governo, etc. Leio tudo com muita atenção, indignação e preocupação. Assusta-me particularmente o paralelismo entre as notícias sobre o reforço da segurança (mais justiça, penas mais céleres...e eu que fui há pouco tempo assaltada e sei que o reforço da segurança é necessário) e a perda de direitos. Faz lembrar outros tempos. Aqueles tempos que eu só vivi na alegria do seu fim a brilhar nos olhos dos outros. "Arrepia? Arrepia. E arrepia, sim senhor. Que vida boa era a de Lisboa!" (Fausto)
Há esperança no jornal que leio. Mostra-nos como estamos bem melhor que em 1974 e relativiza questões dizendo que "para os 40% dos portuguess que não eram adultos em 1974, a Revolução que lhes trouxe tantas vantagens é um facto histórico, ao nível da descoberta do caminho marítimo para a India ou da guerra de 1914-1918" (José Couto Nogueira, 25 em percentagens).
"(...) a hora não é de desistir. É de ir lá, de ir a todas, de resistir a esta maré de brutalidade, estupidez, intimidação, ganância. Hoje e sempre." (Luis Rainha)
Espanto-me com a crueza do discurso, com o emprego de palavras fortes. Repito-as para avaliar melhor o seu significado.
Sem dúvida, devíamos fazer alguma coisa...
Olho a chuva lá fora e resolvo fazer alguma coisa para almoçar em casa.
Talvez partilhe algumas destas palavras mais tarde no Facebook.

2 comentários:

Ninguém.pt disse...

É mesmo isso, Miss, somos todos culpados e todos devíamos estar a fazer autocrítica em vez de estarmos a apontar culpados.

Tudo começou quando deixámos que nos dividissem por cores: os vermelhos, os amarelos, os azuis, os laranjas, …
E, mais do que dividir-nos, tomámos por inimigos todos os que não tinham a nossa cor. Estava frustrada, por falta de unidade, a palavra de ordem que copiáramos do Chile da Frente Popular: "O povo unido jamais será vencido!"

Agora temos um governo que foi eleito por apenas um quarto dos eleitores — porque quase metade nem votar foram.

Culpados! Ainda a tempo de remediar isto, mas culpados!

Beijito, Miss.

Escrivaninha disse...

Pois somos! E o pior é que muitos não se ralam...
O país está a fugir-nos das mãos!

Beijito, Mestre.