sábado, 26 de maio de 2012

Ponto Zero

"Eu tento ler-te em cada frase
Tens um mistério
Que eu não desvendo
Embora às vezes esteja quase


O teu silêncio mais parece
Um ponto final
Volto atrás, tento entender
Mas não sou capaz


Eu quero entrar no teu enredo
Mas tenho medo
De não conseguir passar
Do prefácio


Talvez me possas
Dar uma luz
Tudo o que eu peço é um sinal
Eu não quero o acesso
A todos os teus segredos
Mas só a alguns


Dá-me um indício
Mesmo contrário
"Contraditório"
Dá-me a palavra
Que eu vou procurá-la
Ao dicionário

Eu quero entrar no teu enredo
Mas tenho medo
De não conseguir passar
Do prefácio
Dá-me uma chance
É tudo o que eu quero
É muito mau
Ler um romance
Sem sair do ponto zero

Talvez me possas
Dar uma luz
Tudo o que eu peço é um sinal
Eu não quero o acesso
A todos os teus segredos
Mas só a alguns"

Letra de Carlos Tê para os Clã

2 comentários:

Ninguém.pt disse...



COMO UM VENTO…


Como um vento na floresta,
Minha emoção não tem fim.
Nada sou, nada me resta.
Não sei quem sou para mim.

E como entre os arvoredos
Há grandes sons de folhagem,
Também agito segredos
No fundo da minha imagem.

E o grande ruído do vento
Que as folhas cobrem de som
Despe-me do pensamento:
Sou ninguém, temo ser bom.


Fernando Pessoa


Beijito, Miss.

Escrivaninha disse...

Também eu
"agito segredos
no fundo da minha imagem".
E penso por vezes
que criei esta imagem conscientemente,
para não pensarem que eu possa ter tenho outros segredos.
Que não quero agitar,
antes aquietar
até os esquecer.

Bom domingo (com segredos de enredos)!