segunda-feira, 7 de maio de 2012

Estranho Estendal

As coisas tiradas do contexto podem ser alvo de interpretações estranhas, talvez demasiado livres.
Por isso o meu estendal devia ter hoje uma nota explicativa que contextualizasse a necessidade de lavar um fato de monge cisterciense por causa de uma visita de estudo com animação realizada com muita chuva, com o aproveitamento que fiz do tambor da máquina para lavar também alguma lingerie.
Mesmo depois de explicado...há algo de estranho na convivência lado a lado dos soutiens da Triumph com o alvo hábito que remete para ambientes masculinos austeros..

7 comentários:

josé luís disse...

sacrilégio! horror! vade retro!....

Escrivaninha disse...

Desculpe. Deveria ter colocado uma bolinha vermelha no canto superior de tal post...ou do estendal mesmo.

Mas agora me recordo de outra cena, num outro ano escolar, em que, perante a minha explicação de que o Mosteiro era só masculino, os garotos, depois de rectificarem "Mas não havia lá mesmo mulheres?", exclamaram escandalizados: "E quem é que lhes lavava a roupa?", dando-me imensa esperança no carácter igualitário da divisão de tarefas domésticas nas novas gerações. E aqui estou eu, a lavar a roupa de um monge!
:-)

Ninguém.pt disse...

Este seu post, Miss, fez-me lembrar quando as cuecas entraram no poema:

WALKING AROUND

Acontece que me canso de meus pés e de minhas unhas,
do meu cabelo e até da minha sombra.
Acontece que me canso de ser homem.

Todavia, seria delicioso
assustar um notário com um lírio cortado
ou matar uma freira com um soco na orelha.
Seria belo
ir pelas ruas com uma faca verde
e aos gritos até morrer de frio.

Passeio calmamente, com olhos, com sapatos,
com fúria e esquecimento,
passo, atravesso escritórios e lojas ortopédicas,
e pátios onde há roupa pendurada num arame:
cuecas, toalhas e camisas que choram
lentas lágrimas sórdidas.


Pablo Neruda

Beijito, Miss.

Escrivaninha disse...

Cuecas em poemas não é muito vulgar, não. Já poemas ou poetas em cuecas deverá ser mais comum...
Os estendais são de facto interessantes elementos da nossa cultura. Tenho frequentemente discussões com duas amigas que acham horrível (e marca de país subdesenvolvido, dizem com ar enfastiado) que as pessoas possam estender roupa fora das janelas, defendendo - num país ensolarado como o mosso - que a roupa deve ser estendida dentro de casa.
Mas eu gosto imenso de estendais. E de tentar fazer histórias a partir das peças de roupa: de casas com crianças, de roupa de festa, de roupa muito usada...E o que as lavadeiras antigas (as de Caneças) deviam saber da «roupa suja» de cada um...Digo eu que se alguém hoje analisar o meu estendal, também me faz uma folha linda...

josé luís disse...

:)

não se habitue...
(que o hábito ainda faz o monge)

Ninguém.pt disse...

O que se descobre quando se mexe nas cuecas...

Pois bem: cueca é uma música para dança popular da América do Sul.

Aqui deixo La cueca de los poetas, pela enorme Violeta Parra:

http://www.youtube.com/watch?v=xHm-eFZYGiA

Beijito, Miss.

Escrivaninha disse...

Cuecas, monges e poetas?
Estranhos hábitos...

Beijitos, amigos.