segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Inquietação

"A contas com o bem que tu me fazes
A contas com o mal por que passei
Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes


São flores aos milhões entre ruínas
Meu peito feito campo de batalha
Cada alvorada que me ensinas
Oiro em pó que o vento espalha


Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda


Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Ensinas-me fazer tantas perguntas
Na volta das respostas que eu trazia
Quantas promessas eu faria
Se as cumprisse todas juntas
Não largues esta mão no torvelinho
Pois falta sempre pouco para chegar
Eu não meti o barco ao mar
Pra ficar pelo caminho


Cá dentro inqueitação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda


Cá dentro inqueitação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Mas sei
É que não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer
Qualquer coisa que eu devia resolver
Porquê, não sei
Mas sei
Que essa coisa é que é linda"
 
José Mário Branco

2 comentários:

Ninguém.pt disse...

JMB é não apenas um grande músico como um grande poeta. Este poema é um poema de amor cheio da humana incerteza que nos caracteriza.

Deixo aqui um outro, muito dentro do mesmo tom.

Inquietação

Porque será que eu ando ainda,
que eu ando sempre à procura
de aquela Estrela
que já tão bem alcancei
que a trago diluída no meu sangue?...


Sebastião da Gama

Beijito, Miss.

Escrivaninha disse...

Ah, Sebastião da Gama! Tenho o seu Diário como um dos meus «livros de socorro». Eu e SG (Gigante, sem dúvida) temos duas coisas em comum.Uma é a profissão, claro. A outra fica para adivinhar...

Beijito, Mestre!