sexta-feira, 15 de maio de 2009

Têm a certeza?

Estamos cansados de ouvir falar da nossa falta de cultura, do baixo índice de leitura dos portugueses ou da sua fraca adesão à cultura!
Interiorizámos isso e já ninguém duvida.
Mas eu tenho uma opinião diferente, fruto de uma investigação aturada, que me tem consumido muito tempo ultimamente.
Passo a referir o campo de recolha das informações:
- A excelente exposição sobre Darwin, que a Gulbenkian exibe até 24 de Março (dados recolhidos no sábado à tarde)
- A renovada Feira do Livro de Lisboa - dados recolhidos no domingo de manhã e de tarde
- A peça de teatro "Os Maias no Trindade", exibida ontem no Teatro José Lúcio da Silva em Leiria (estes dados são tão recentes, que ainda nem dormi sobre o assunto).
Pois qualquer um destes eventos estava cheio de gente. E muitas das pessoas eram jovens.
Portanto, eu acho - desenvolvi agora esta teoria - que a nossa caracterização de nós mesmos enquanto país, em termos culturais, é assim como um complexo de adolescente: por mais que nos digam que somos bonitos ou inteligentes, na adolescência, estamos naquela fase em que tudo parece difícil, em que a nossa vida é a pior de todas e em que qualquer problema se avoluma até ao nível de uma verdadeira tragédia grega.
Tal como nos complexos adolescentes, pouco disto é verdade. Nós só não vemos o nosso potencial e as nossas qualidades enquanto país, porque somos nós mesmos. Ninguém é bom juíz em causa própria e é só por isso que não vemos. Mas...temos um nobel da literatura, autores traduzidos pelo mundo inteiro, investigadores nas Universidades inglesas e americanas, os Buraka Som Sistema fazem a loucura no Japão e o cão do Obama é português!!!
Pronto, mas nada disto me tinha verdadeiramente convencido até fazer esta sofrida investigação de campo (tudo por amor à ciência e ao rigor das afirmações) em que tive de visitar uma Exposição, frequentar a Feira do Livro e assistir a uma Peça de Teatro. Agora ninguém mais me convence do contrário: quando as iniciativas são de qualidade o público adere!
(Quando não são também, como todas aquelas pessoas que dormiram à porta do Dolce Vita Tejo para a abertura, mas dessas, nós e o Tony Carreira, nunca duvidámos)
Temos a mania de caluniar a cultura dos portugueses, porque sim...Não são todos que lêem? Pois não. Não são todos que visitam exposições? Pois não. Mas alguma vez foram?...
Deixemos este pessimismo em que nos embrulhamos há anos e recebamos os aplausos que merecemos por nos levantarmos todos os dias e pormos o país a funcionar, dadas as qualidades (evidentes) de quem nos dirige e de todos os que se candidatam a fazê-lo nas campanhas que se avizinham.
«Viva Nós!»

2 comentários:

Ninguém.pt disse...

Boa! Gosto desse auto-convencimento!

Até porque, bem vistas as coisas, o monstro devia chamar-se antes Dolce Vita Jamor... e o outro Tony Expresso, não acha?

Escrivaninha disse...

Acho, acho. E também acho que, a demonstrar essa acuidade, não deve ser muitas vezes convidado para publicitário ou consultor de imagem!