quarta-feira, 6 de maio de 2009

Antigualhas

Fui ao banco, agora mesmo.
Precisava que me esclarecessem sobre um assunto.
A menina que me atendeu era muito jovem - deveria ser estagiária - e teve de pedir ajuda a outra mais velha e mais experiente, que já uma vez me disse que se recordava de ter sido aluna numa das escolas onde trabalhei.
Ali ficaram as duas a olhar para o écran, a trocar impressões e a dar-me explicações.
Muito bem arranjadas, como creio ser obrigatório naquele tipo de trabalho. Uma estava de verde, a outra de preto, com adornos e maquilhagem a condizer...e ambas a mascar pastilha elástica.
Apeteceu-me apontar o caixote do lixo, como professora no início da aula. Em vez disso, mantive-me sorridente e atenta, agradecendo os esclarecimentos.
Vim para casa a sentir-me velha e rezingona! Será que não faz parte do código de conduta que, além de bem vestidas, não masquem pastilha enquanto atendem o público? Pelos vistos não.

4 comentários:

Ninguém.pt disse...

Antes a mascar pastilha do que a mastigar impropérios contra os clientes que se atrevem a perturbar o santo dia, não é?

(É mesmo de tuga, este vício de escolher um mal menor... Partiu uma perna?, antes uma do que as duas!)

Escrivaninha disse...

Ah! Então ainda devo estar agradecida?
Deixando de lado "as tuguices", o que me espanta é que não é irreverência, mas, simplesmente, inconsciência. Se lhes fizesse um reparo, elas ficariam certamente espantadas...e assim sou eu que vou ficando desfasada...antiquada...(ai, credo! isto agora soou-me mesmo mal!)

Ninguém.pt disse...

Não é para agradecermos, claro, mas tudo se tem deslocado claramente para um egocentrismo tal que achamos todos (quase...) que nos é permitido tudo.

No meu tempo (dinossáurios existiam ainda) as actividades profissionais tinham como centro os outros – os clientes, os que pagam, os que... A nossa liberdade era condicionada por esse sentido de serviço.

Isso acabou. De tal modo que qualquer norma que se queira impor é tomada como um ataque à liberdade.

Escrivaninha disse...

Amigo Mendes:
No seu tempo? Então este tempo não é seu? Então, afinal, o amigo é um fantasma? Morreu e agora faz uns exercícios no mundo dos vivos fazendo comentários em blogues? :)
Enquanto cá estivermos o tempo é sempre nosso! Numas fases seremos mais inovadores e mais interventivos e noutras mais rezingões e mais críticos, mas fazemos sempre parte do tempo,que, por isso, também é nosso.
O progresso faz-se também de resistências à mudança e de olhares críticos e desconfiados. Porque que nos é legítimo, devido à experiência acumulada, um certo cepticismo, mas nunca uma demissão.
Os mais novos precisam dos mais velhos, o mundo precisa de ambos e, enquanto cá estivermos, o tempo é de todos nós. Somos contemporâneos uns dos outros.
(Olha! Somos «Os Contemporâneos»! Nada mal, os rapazes até têm uma certa piada!)