segunda-feira, 24 de junho de 2013

Sem budismo

Poema que é bom
acaba zero a zero.
Acaba com.
Não como eu quero.
Começa sem.
Com, digamos, certo verso,
veneno de letra,
bolero. Ou menos.
Tira daqui, bota dali,
um lugar, não caminho.
Prossegue de si.
Seguro morreu de velho,
e sozinho.

Paulo Leminski (1944-1989)

2 comentários:

Ninguém.pt disse...


POEMA


O céu, azul de luz quieta,
As ondas brandas a quebrar,
Na praia lúcida e completa —
Pontos de dedos a brincar.
No piano anónimo da praia
Tocam nenhuma melodia
De cujo ritmo por fim saia
Todo o sentido deste dia.
Que bom, se isto satisfizesse!
Que certo, se eu pudesse crer
Que esse mar e essas ondas e esse
Céu têm vida e têm ser.


Fernando Pessoa

Beijito, Miss.

Escrivaninha disse...

E hoje está a ser um dia sentido com sentido.

Beijito, Mestre.