segunda-feira, 11 de março de 2013

Diz-me o Teu Nome


Diz-me o teu nome - agora, que perdi
 quase tudo, um nome pode ser o princípio
 de alguma coisa. Escreve-o na minha mão

com os teus dedos - como as poeiras se
 escrevem, irrequietas, nos caminhos e os
 lobos mancham o lençol da neve com os
 sinais da sua fome. Sopra-mo no ouvido, 

como a levares as palavras de um livro para
 dentro de outro - assim conquista o vento
 o tímpano das grutas e entra o bafo do verão
 na casa fria. E, antes de partires, pousa-o
 
nos meus lábios devagar: é um poema
 açucarado que se derrete na boca e arde
 como a primeira menta da infância.
 
Ninguém esquece um corpo que teve
 nos braços um segundo - um nome sim.
 
Maria do Rosário Pedreira

3 comentários:

josé luís disse...

lindo (como sempre). acho que também o vou guardar :)

Escrivaninha disse...

Olá! Tão bom sabê-lo atento.

josé luís disse...

quase nunca comento, é verdade, mas leio sempre...

http://novascartasdemarear.blogspot.pt/2013/03/diz-me-o-teu-nome-agora-que-perdi-quase.html

;)