é um espólio de
palavras sem nexo
que não rimam.
foram versos escritos
ao acaso,
palavras escritas de
silêncio,
sem continuidade.
a gaveta dos poetas
está cheia de sentimentos
que nunca ganharam
vida.
fêmeas frígidas,
incapazes de fecundar
depois de possuídas.
foram desejos
reprimidos
queimados em mais de
mil cigarros.
a gaveta dos poetas
está cheia de horas,
de noites, de vazios.
não é poesia o que lá
vive.
é solidão, é veneno,
pulmões que não respiram.
um chão de palavras
pisadas.
as asas de um sonho
castrado.
guardem os poetas na
gaveta.
2 comentários:
VIDA
Não sei
o que querem de mim essas árvores
essas velhas esquinas
para ficarem tão minhas só de as olhar um momento.
Ah! se exigirem documentos aí do Outro Lado,
extintas as outras memórias,
só poderei mostrar-lhes as folhas soltas de um álbum de imagens:
aqui uma pedra lisa, ali um cavalo parado
ou
uma
nuvem perdida,
perdida...
Meu Deus, que modo estranho de contar uma vida!
Mario Quintana
Beijito, Miss. Não engavetem os poetas!
Olá Mestre!
O pior é que estão a engavetar os poetas, a engravatar os homens e a pôr-nos a todos a esgravatar não só o nosso sustento, como as opiniões que podemos veicular e a quem o podemos fazer.
Abate-se sobre nós um medo estranho, um medo sem sentido numa democracia.
Mas ele está aí! O Medo. Faz medo constatar isto.
Beijito.
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