Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
Fui fotografado à minha revelia, em frente a um templo egípcio no Metropolitan Museum de Nova Iorque. À minha revelia, de novo, fotografado fui na 5.ª Avenida às três e meia da tarde.
Assim, um sem-número de vezes em frente ao Coliseu, nas ruínas de Machu Pichu, perto da Torre de Londres, junto à Catedral de Colónia, sobre as pedras da Acrópole, em Atenas, nas mesquitas de Istambul e, evidente, em Juiz de Fora.
Guardado estou em álbuns japoneses, italianos, americanos, alemães, franceses argentinos, senegaleses, disperso desatento como se aquele corpo não fosse meu.
Quando mostram as fotos aos parentes e vizinhos sou pedra-porta-árvore-sombra-paisagem.
Ninguém, reunindo as fotos, perguntará: — Quem é este constante figurante no flagrante do alheio instante?
Disperso-dispersivo estou.
Que álbum conterá a unidade perdida revelada do negativo perambulante que sou?
Afonso Romano de Sant'Anna
É todo o mal que lhe desejo, Miss: que fique assim nessas fotos todas... Beijito.
2 comentários:
Turista acidental
Fui fotografado à minha revelia,
em frente a um templo egípcio
no Metropolitan Museum de Nova Iorque.
À minha revelia, de novo, fotografado fui
na 5.ª Avenida às três e meia da tarde.
Assim, um sem-número de vezes
em frente ao Coliseu,
nas ruínas de Machu Pichu,
perto da Torre de Londres,
junto à Catedral de Colónia,
sobre as pedras da Acrópole, em Atenas,
nas mesquitas de Istambul
e, evidente, em Juiz de Fora.
Guardado estou
em álbuns
japoneses, italianos, americanos, alemães, franceses
argentinos, senegaleses,
disperso
desatento
como se aquele corpo
não fosse meu.
Quando mostram as fotos aos parentes e vizinhos
sou pedra-porta-árvore-sombra-paisagem.
Ninguém, reunindo as fotos, perguntará:
— Quem é este constante figurante
no flagrante do alheio instante?
Disperso-dispersivo estou.
Que álbum conterá a unidade perdida
revelada do negativo
perambulante que sou?
Afonso Romano de Sant'Anna
É todo o mal que lhe desejo, Miss: que fique assim nessas fotos todas...
Beijito.
Beijito.
Nas viagens há dessas coisas estranhas: recordo agora um grupo de japoneses que habita as minhas fotos do Canadá...
Beijitos
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