Assinala-se a data de nascimento de Mendel, o pai da genética, há 189 anos atrás.
Já por aqui falei de Mendel, em Dezembro de 2009 (fui verificar agora) aquando de um trabalho de um aluno meu sobre o assunto.
E já nessa altura recordei o meu primeiro contacto com Mendel, num Museu de Ciência nos EUA.
Abrir aqui um parágrafo para dizer que tenho consciência de que posso estar a ser injusta e que, muito provavelmente, já algum professor da área de ciências me teria falado de Mendel, mas seria, na altura da escola, daquelas matérias que «me escorregavam pela testa». A sensação que eu tenho hoje ao recordar a minha relação com as matérias curriculares, na escola, é que havia as que entravam facilmente, as que despertavam muita curiosidade e necessidade de aprofundamento e depois, todo um conjunto de matérias, que esbarravam com um qualquer campo de forças que existia à volta da minha cabeça e que não conseguiam entrar: escorregavam pela testa abaixo e espalhavam-se pelo chão, sem qualquer resultado prático.
Penso frequentemente nestas questões para procurar as razões e tentar evitar que, em relação aos meus alunos e à História, aconteça o mesmo.
Estou inclinada para acreditar que tudo resultou de um certo preconceito familiar contra as ciências, contrabalançado por uma apetência particular para as letras, mas também de uma certa incapacidade da escola de ter desfeito este preconceito, sobretudo, uma incapacidade de me provar a utilidade prática das coisas. Curiosamente, pareciam-me as ciências mais áridas que as letras, sobretudo achava tudo muito teórico e pouco aplicável. Deve ser essa a razão porque me recordo de poucas coisas das aulas de Ciências e que, aquelas que recordo, têm em comum o facto de me terem parecido muito úteis:
- as questões dos corpos condutores de corrente eléctrica e ter percebido finalmente porque é que a minha mãe se preocupava tanto que eu secasse bem as mãos antes de accionar o interruptor da luz;
- a explicação das regras de segurança num laboratório, especialmente a necessidade de segurar sempre os recipientes dos líquidos com o rótulo para o lado de dentro, para que qualquer derramamento de líquido não apague o rótulo, o que pode ser muito perigoso, por ficar desconhecido o conteúdo do recipiente; isto foi tão forte que ainda hoje é assim que pego nas garrafas de azeite e vinagre (embora reconhecendo que é um cuidado inútil, pois eu sei distinguir o azeito do vinagre);
- a campanha para salvar o lince da Malcata, um animal magnífico que estava em vias de extinção e cuja nossa acção poderia salvar;
- a regra de «três simples» da matemática, porque semnpre a usei na prática.
E tudo parece circular, pois o Lamento pelo Dia de Hoje, postado ontem, poderia entrar aqui, de pleno direito...
Para além de tudo isto, de uma forma completamente marginal, mas por associação de palavras, o dia de hoje trouxe-me à memória uma das minhas histórias infantis preferidas: A Princesa e a Ervilha, que vou procurar e, se encontrar, guardar no Salvo Seja.
2 comentários:
Sopa de ervilhas
Em minha mesa
no meu prato
vai caindo a noite
lenta e silenciosa
como um veneno do tempo.
A sopa de ervilhas está quase fria
à primeira vista
é um suave musgo
estancado na louça branca. Depois,
porção de pântano distante
aguardando o natural mergulho
do objeto que mistura e remexe o fundo.
Não tenho fome
não reparto minhas horas com filhos
nem sei porque uma célula normal
se desgoverna.
A tristeza é tão perigosa
põe um nó na garganta
e usa agora esse disfarce:
é uma sopa envolta em trevas
que vou tomando devagar.
Em tempo
a alegria também existe
atravessa os anos
mas numa escala decrescente.
Marta Helena Cocco
Beijito.
Às vezes as princesas acabam sozinhas...quase sempre por incompetência dos príncipes.
Mas, claro, isto é uma opinião pessoal e, como se diz agora, «vale o que vale».
Beijito.
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