segunda-feira, 20 de junho de 2011

Somos um país tão asadinho!

Cansada e enfastiada com uma série de coisas, como já é de esperar no final de ano lectivo, assim que entreguei o último teste classificado, aparelhei o corcel e parti por aí.
Na época em que todos têm GPS eu comprei um mapa em papel, menos intrusivo na minha viagem. Parando de vez em quando lá observava direcções e completava as coordenadas com uma consulta a algum autótone, porque o país ainda é feito de pessoas. Encontrei muitas, nos tractores a lavrar os campos ou a andar de bicicleta.
Desviei-me com gosto da rota inicial, procurando o «país das setas castanhas», ao som de rádios locais, pois que me cansei de fornecer um qualquer vizinho com as antenas de rádio que me roubava frequentemente.
Com a marcha ao ritmo de «Somos nós», impedida de beber cerveja por causa da sua interferência na condução, segui a seta castanha de Montemor-o-Velho, para descobrir um magnífico castelo, que me colocou na rota da formação do torrão pátrio, regressei à estrada, espraiei-me nas areais da Figueira da Foz, invocando a história dos Descobrimentos numa feira de velharias em Buarcos, com o areal em fundo, oferecendo-se escandalosamente ao sol.
Já era tarde quando cheguei ao Luso. As termas só estavam marcadas para o dia seguinte e desta vez não percorri a mata, centrando-me mais no exercício em torno do complexo do lago.
Com a mágoa do fim do fim de semana fiz ainda uma paragem na Batalha, para homenagear a dinastia de Aviz e adiei por mais um tempo voltar a ouvir noticiários, cheios das troikas e baldroikas em que estamos envolvidos.
Volto com os olhos cheios de sol, os ouvidos atapetados pelos cantos dos pássaros e a alma cheia de mar, por onde me apetece navegar, em fuga mansa do presente. Mergulho pois nas páginas dos livros de História, onde o passado já está depurado de muitas das confusões, desilusões e encontrões que cada presente foi tendo.
Desta vez não tirei uma única fotografia. A retina será o meu álbum de recurso, quando precisar de me lembrar que somos um país muito asadinho.

2 comentários:

Anónimo disse...

..é que passo por aqui, e gosto.
mário

Escrivaninha disse...

Obrigada, Mário.
Isso, se calhar, também são saudades do torrão pátrio. Mas isto está mau! Agora temos um governo que dá Passos de Coelho e não sabemos bem que Portas vai abrir...

Beijinhos.