sábado, 4 de junho de 2011

Hoje apercebi-me da passagem do tempo

do tempo que já passou desde que votei a primeira vez.
Com um entusiasmo e um empenho que adoraria ter agora, preparei-me criteriosamente para votar em consciência.
Amanhã é por tenacidade e em homenagem a outros tempos que vou até lá, talvez a seguir ao almoço, para adicionar à saída o atractivo do café.
Eu e a nossa democracia estamos velhas. E ambas perdemos qualidades.

2 comentários:

Ninguém.pt disse...

Eu diria mais, velhíssimas, ambas!

Miss, um móvel requintado só muda de estatuto com a idade, nunca se dirá de uma escrivaninha de estilo que "está velha"...

Mas por falar em qualidades lembrei-me de um tal Luís que dizia o seguinte:

Mudam-se os tempos…

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.


Luís de Camões

«Tomando sempre novas qualidades» — esta é a realidade do que se altera em nós, sedentos viajantes sempre saindo de um deserto e entrando no oásis mais à mão.

Já há mais de 500 anos a forma como costumava de mudar estava em mudança...

Beijito.

Escrivaninha disse...

Mudança: "a fama que vem de longe!" :-)
O motor da História, de facto.