quinta-feira, 18 de março de 2010

Condão

Há palavras que ficam presas aos seus contextos: o condão aparece sempre junto da varinha. E a varinha, junto da madrinha, que era uma fada.
Porque é que a varinha era de condão? Porque dava muitas coisas? Porque concedia? Condão seria assim uma forma de conceder, de repente, muitas coisas; uma espécie de calão dos magos.
Condão era alguma coisa que se concedia, eram os desejos impossíveis realizados pela varinha, era a transformação da Cinderela em princesa por umas horas; era a reposição da justiça do mundo, era a moral da história...
Que pena que o condão tenha ficado preso lá atrás, na nossa infância, nas coisas nas quais já não temos o direito de acreditar, porque não somos como o Peter Pan e crescemos.
Sendo crescidos, temos que acreditar numa suposta justiça dos homens, que ainda por cima é cega, e que tenta equilibrar uma balança...sempre instável...e que sendo cega, depende no entanto de quem vê e de como vê.
Queria voltar a ser pequenina e esperar - com convicção - pela minha fada madrinha e o poder da sua varinha de condão.

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