Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Contratempo
"Ribeira vai cheia e o barco não anda, tenho o meu amor, lá daquela banda, lá daquela banda, lá do outro lado, ribeira vai cheia e o braco parado"
Faz com que a tua vida seja sino que repique ou sulco onde floresça e frutifique a árvore luminosa da ideia. Alça a tua voz sobre a voz sem nome de todos os demais, e faz com que ao lado do poeta se veja o homem.
Enche o teu espírito de lume; procura as eminências do cume e, se o esteio nodoso do teu báculo encontrar algum obstáculo ao teu intento, sacode a asa do atrevimento perante o atrevimento do obstáculo.
1 comentário:
«se […] encontrar algum obstáculo ao teu intento...»
Palavras fundamentais
Faz com que a tua vida seja
sino que repique
ou sulco onde floresça e frutifique
a árvore luminosa da ideia.
Alça a tua voz sobre a voz sem nome
de todos os demais, e faz com que ao lado
do poeta se veja o homem.
Enche o teu espírito de lume;
procura as eminências do cume
e, se o esteio nodoso do teu báculo
encontrar algum obstáculo ao teu intento,
sacode a asa do atrevimento
perante o atrevimento do obstáculo.
Nicolás Guillén
(tradução de Albano Martins)
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