quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O presente não é mais que «tudo aquilo que a gente sempre deixou poder»

Campo de sucatas

"Saudade do futuro que não houve
aquele que ia ser nobre e pobre
como é que tudo aquilo pôde
virar esse presente podre
e esse desespero em lata?

pôde sim pôde como pode
tudo aquilo que a gente sempre deixou poder
tanta surpresa pressentida
morrer presa na garganta ferida
raciocínio que acabou em reza
festa que hoje a gente enterra

pode sim pode sempre como toda coisa nossa
que a gente apenas deixa poder que possa"


Paulo Leminski (1944-1989)

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