"A loja estava cheia, que as compras de Natal decretam uma interrupção momentânea na crise. A moça, bonita e jovem, com bons modos, voz suave (quase sussurrante), abeirou-se do balcão e abordou o lojista: - Por favor, aquela camisola canelada que está na montra...que cores é que tem?
Ele, com a experiência vincada nas rugas do rosto, encontrou a resposta num breve olhar para uma quadrícula das prateleiras: - Tenho branco, azul-escuro e verde-azeitona.
Ela:- Ah, essa última não é uma cor: como é que eu sei se a azeitona é das verdes ou das pretas?...
Ele, formado na escola de «o cliente tem sempre razão», respondeu solícito e respeitoso: - É verde-azeitona-verde, porque o verde-azeitona-preta foi dos primeiros a esgotar.
- Hum, deixe-me ver a azul-escura.
Ele hesitou um pouco, mas depois não resistiu (sempre com o mesmo ar composto): - Porque não experimenta antes a branca?É mais simples, parece-me que condiz consigo.
- Acha? - sorriso aberto de quem se sente lisonjeada - A branca, então!"
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