terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Felicidade

Eu acho que a Felicidade está sobrevalorizada!

Quem é que ela pensa que é para se escusar à maioria das pessoas que a procura? Que flausina é esta que se esconde e faz negaças a pessoas que se esforçam por uma vida toda? Há mesmo quem ache que já viveu várias vidas em busca dela e…nada?!?

Não me parece bem.

Há todo um culto da Felicidade que banha a sociedade. O problema é que não é uma felicidade qualquer – tem de ser a Felicidade Total e Permanente. O que a torna impossível, um mito ou uma utopia, causa de inúmeras frustrações, depressões, do fim de relações e muitas outras coisas, com fortes hipóteses de terminarem em ões.

Depois há os outros, os que acham que a encontraram e perderam. Seria de pensar que são mais afortunados que os outros…pois, pelo contrário: são uns deprimidos, normalmente culpam-se pela perda da dita e não se atrevem a tentar outra vez, pois crêem que coisa tão rara não pode ser vivida duas vezes.

Há ainda uma terceira categoria: os que se consideram felizes…mas não podem dizer a ninguém, pois a inveja (mau-olhado, olho gordo e outras designações) é atraída por estados de felicidade confessos e…não falha. Zás! Termina com ela, com uma eficácia totalmente inversa à que marcou a busca e encontro da dita cuja. Esses (alegadamente felizes) acordam todos os dias com olheiras provocadas pelos pesadelos terríficos, pelo medo de que o seu segredo seja descoberto e…infalivelmente consumido pela inveja alheia.

Bolas! Isto é muito difícil. Para quê tantas fitas?

E as fitas que se têm feito sobre o assunto? Há para todos os gostos: os que encontram a Felicidade na fortuna material, os que A encontram no amor, os que A perderam, os que A procuram…blá, blá blá…

Lá fui eu à procura da palavra. E sabem que mais? No meu dicionário não parece assim uma coisa tão importante!
É certo que o Dicionário foi barato – embora tenha palavras caras – creio que saiu com uma revista de actualidade, em vários fascículos, talvez por isso a ideia de felicidade não seja muito elaborada. Vejamos:

-“ventura” (foi um gozo associar a ideia de Felicidade ao façanhudo Sr. Ventura, cuja bigodaça faz lembrar uma floresta, com duendes e tudo);
-” bem-estar”;
-” contentamento”;
-” bom resultado”;
-” bom êxito” (eu nem sabia que havia êxito que não fosse bom);
-“dita” (cujo contrário é a desdita);
- e depois a óbvia “qualidade ou estado de quem é feliz”.
Visto assim não parece nada de inacessível: qualquer um já sentiu contentamento ou bem-estar. Assim sendo, o conceito, tornado modesto, parece ao alcance da maioria.


Achei importante escrever isto agora, porque considero que esta época das “Festas” é tramada, pois decreta-se oficialmente como tempo de Felicidade (daquela, que procuramos e nunca poderemos atingir) e nós, os moderadamente felizes, começamos a pôr em dúvida o nosso conceito de “bem-estar”, considerando-o muito menos que a Felicidade.

Aqui ficam, pois, alguns conselhos para ultrapassar melhor este tempo das “Festas”:

- Compre um Dicionário barato, com definições à medida do preço.

-Veja menos filmes e olhe mais à sua volta

-Leia livros baseados em “Casos Reais” – há pouca probabilidade de retratarem a utopia.

-Não estreie sapatos no Dia de Natal nem na Festa de Ano Novo.

- Veja o Telejornal da TVI e observe o que aconteceu à Manuela Moura Guedes em busca da Perfeição (que deve ser amiga íntima da Felicidade). Logo em seguida olhe-se ao espelho.

(A lista pode ser acrescentada, a gosto, conforme os contextos de cada um)

Festas Felizes!

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