sábado, 23 de agosto de 2014

Nostalgia

Hoje, acerca de um trabalho de grande fôlego que venho desenvolvendo com uma colega, surgiram-me de rompante memórias do meu tempo de Faculdade. Das tardes e noites nos corredores da Faculdade de Letras, a tentar compor textos conjuntos. Dos meus repentes de escrita, sobre um molho de folhas de rascunho, as outras caladas esperando pela escrita que não conseguia ser dita. "Deixem-me escrever! Só sai por escrito." Depois a leitura, a mudança de uma ou outra palavra.
Adoro escrever!
Adoro verter num texto o resultado de uma investigação, de uma inquirição às fontes; adoro compor um puzzle em que se vão reconstituindo ramos do passado, sentindo que estou a contribuir para a árvore do conhecimento da História.
Recordei a minha colega de trabalho de muitos anos. Tínhamos uma dinâmica de trabalho incrível. Parece que já estávamos sintonizadas...Por vezes ficávamos a olhar para um espaço em branco no papel, a palavra certa não saía...
Eu, mais desesperada e colérica, arremetia impropérios, ela, mais ponderada e segura, começava a alinhar palavras até descortinarmos a palavra perfeita.
E que alegria, Meu Deus!\ A palavra perfeita...Hoje tenho a sensação que achávamos que os nossos trabalhos de Faculdade eram obras primas...
Eram suadinhas e honestas, que nós trabalhávamos de alma e coração e queríamos muito produzir coisas a sério.
Às vezes penso em como foi por essa época que descobri a investigação.
Eu gostei tanto do meu curso! Adorei andar na Faculdade!
Hoje desceu uma nostalgia...só me apetece chorar, de saudades, de ser nova, de querer descobrir e escrever o passado, de acreditar que existe sempre uma palavra perfeita para cada espaço em branco.

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