domingo, 31 de agosto de 2014

A minha varanda nova

É o primeiro Verão que tenho estas varandas.
Na varanda da frente - que na realidade é nas traseiras do prédio - há sempre um espectáculo diferente em cada fim de tarde.
Por vezes é o casal de garças que se reúne ao lusco-fusco, hoje era um grupo de 7 patinhos que avançavam cautelosamente pelo rio, tasquinhando alegremente iguarias patais que devem encontrar-se fresquinhas no rio, agora limpo.
A gata vadia. que pela sua liberdade faz inveja às minhas bichanas, regressou agora ao condomínio.
O breve murmurar da água enche a atmosfera que hoje esteve cheia dos risos de um grupo de jovens de uma equipa desportiva que aqui se fez fotografar.
Amanhã tudo ganha a gravidade do primeiro dia da semana e do ano escolar.
Eu saio cedo para mais um exame de equivalência à frequência, a biblioteca abrirá às dez, com as suas janelas voltadas para o jardim e o rio, outrora força motriz da indústria que construiu os edifícios hoje dedicados à cultura.
Coço a picada de uma melga, esfrego os olhos para divisar as letras do teclado num lusco que já quase é só fusco.
Vou parar de escrever. Sorver a noite de verão na minha varanda nova, ouvir o rio a correr em férias pela última vez neste ano escolar que termina hoje, porque amanhã é já outro.
E a minha varanda acalma-me, garante-me que vai cá estar em cada fim de tarde, de regresso ao barulho do rio, ao lusco-fusco surpreendente de toda uma fauna calma, acolhendo-me no remanso do meu espaço novo.

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