por vezes crio um deserto só para mim
e sinto-te silêncio
esquecido nos meus lábios
por não querer recordar a linguagem do teu corpo
esquecido dentro do meu. deserto só para mim
e sinto-te silêncio
esquecido nos meus lábios
por não querer recordar a linguagem do teu corpo
esquecido dentro do meu.
Paulo Eduardo Campos
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POEMA DESERTO
Todas as transformações
todos os imprevistos
se davam sem o meu consentimento.
Todos os atentados
eram longe de minha rua.
Nem mesmo pelo telefone
me jogavam uma bomba.
Alguém multiplicava
alguém tirava retratos:
nunca seria dentro de meu quarto
onde nenhuma evidência era provável.
Havia também alguém que perguntava:
Por que não um tiro de revólver
ou a sala subitamente às escuras?
Eu me anulo me suicido,
percorro longas distâncias inalteradas,
te evito te executo
a cada momento e em cada esquina.
João Cabral de Melo Neto
Beijito, Miss.
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