terça-feira, 16 de julho de 2013

por vezes crio um deserto só para mim
e sinto-te silêncio esquecido nos meus lábios
por não querer recordar a linguagem do teu corpo
esquecido dentro do meu. deserto só para mim

e sinto-te silêncio esquecido nos meus lábios
por não querer recordar a linguagem do teu corpo
esquecido dentro do meu.


Paulo Eduardo Campos

1 comentário:

Ninguém.pt disse...


POEMA DESERTO


Todas as transformações
todos os imprevistos
se davam sem o meu consentimento.

Todos os atentados
eram longe de minha rua.
Nem mesmo pelo telefone
me jogavam uma bomba.

Alguém multiplicava
alguém tirava retratos:
nunca seria dentro de meu quarto
onde nenhuma evidência era provável.

Havia também alguém que perguntava:
Por que não um tiro de revólver
ou a sala subitamente às escuras?

Eu me anulo me suicido,
percorro longas distâncias inalteradas,
te evito te executo
a cada momento e em cada esquina.


João Cabral de Melo Neto

Beijito, Miss.