Mais do que um sonho: comoção!
Sinto-me tonto, enternecido,
quando, de noite, as minhas mãos
são o teu único vestido.
E recompões com essa veste,
que eu, sem saber, tinha tecido,
todo o pudor que desfizeste
como uma teia sem sentido;
todo o pudor que desfizeste
a meu pedido.
Mas nesse manto que desfias,
e que depois voltas a pôr,
eu reconheço os melhores dias
do nosso amor.
David Mourão-Ferreira
2 comentários:
PENÉLOPE
Onde estarás Penélope que já
não sei se esperas já não sei se teces
um tapete e grinaldas? Oxalá
o amor não esqueças se de mim te esqueces.
Oxalá seja a tua voz que escuto
nesta voz que não sei se é de sereias
se é tua voz cantando-me nas veias
amor tornado ideia por que luto.
Porque todo o poema é como um barco
em que Ulisses por ti sou marinheiro.
Oxalá seja ainda o mais certeiro
quando Ulisses por ti empunhe o arco
Penélope que bordas de saudade
este amor que me prende. E é liberdade.
Manuel Alegre
Penélope é um dos meus amores: a minha netita mais nova, uns quase três anos de ternura.
Beijito, Miss.
Ah, que original!
Nunca tive nenhuma aluna chamada Penélope...
Beijito, Mestre.
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