segunda-feira, 29 de abril de 2013

Penélope

Mais do que um sonho: comoção! 
Sinto-me tonto, enternecido, 
quando, de noite, as minhas mãos 
são o teu único vestido. 

E recompões com essa veste, 
que eu, sem saber, tinha tecido, 
todo o pudor que desfizeste 
como uma teia sem sentido; 
todo o pudor que desfizeste 
a meu pedido. 

Mas nesse manto que desfias, 
e que depois voltas a pôr, 
eu reconheço os melhores dias 
do nosso amor. 



David Mourão-Ferreira

2 comentários:

Ninguém.pt disse...


PENÉLOPE

Onde estarás Penélope que já
não sei se esperas já não sei se teces
um tapete e grinaldas? Oxalá
o amor não esqueças se de mim te esqueces.

Oxalá seja a tua voz que escuto
nesta voz que não sei se é de sereias
se é tua voz cantando-me nas veias
amor tornado ideia por que luto.

Porque todo o poema é como um barco
em que Ulisses por ti sou marinheiro.
Oxalá seja ainda o mais certeiro

quando Ulisses por ti empunhe o arco
Penélope que bordas de saudade
este amor que me prende. E é liberdade.


Manuel Alegre


Penélope é um dos meus amores: a minha netita mais nova, uns quase três anos de ternura.

Beijito, Miss.

Escrivaninha disse...

Ah, que original!
Nunca tive nenhuma aluna chamada Penélope...

Beijito, Mestre.