"FICA COMIGO ESTA NOITE
Fica comigo esta noite
... deixa que amanheça nos teus braços
embalada pelo rumor das tuas águas
abraça-me devagar
sem tempo
desenha com a tua boca o contorno do meu corpo
grava em mim o sabor deste momento
numa linguagem de beijos e suor
não me olhes
na ausência dos barcos que partiram
e talharam na memória não mais que um adeus
fica comigo esta noite
desvenda essa luz que a treva esconde
cala a urgência dos beijos que não demos
não perguntes quanto tempo dura a eternidade."
Clara Maria Barata (pré publicação em Quem Lê Sophia de Mello Breyner Andresen)
4 comentários:
Fez-me lembrar esta "velharia" (convém ter lenços à mão):
GUITARRA TOCA BAIXINHO
Guitarra toca baixinho
Que alguém pode escutar
Só ela deve entender,
Só ela deve saber
Que estou falando de amor...
Cantam os grilos no campo,
E um pássaro no ramo,
Ninguém dorme nesta noite,
E menos ela que agora,
Escuta um riacho e suspira!
Lua parada no céu,
O vaga-lume que passa,
Guitarra minha toca baixinho,
E mesmo com a mão incerta,
Toca guitarra que é hora!
É hora, de dar-lhe todo bem que há no meu peito,
Dizer-lhe Deus também tenho direito
De amá-la como nunca amei ninguém!
É hora de respirar um pouco de ar puro,
Um prado é verde quando é Primavera,
E o Sol é quente mas a noite espera,
Por nós ...
A noite está tão serena,
Eu dormindo em seu seio...
Deus! Como bate o coração,
A gente sonha e agora,
Dorme guitarra que é hora!
É hora, de dar-lhe todo bem que há no meu peito,
Dizer-lhe Deus também tenho direito
De amá-la como nunca amei ninguém!
É hora de respirar um pouco de ar puro,
Um prado é verde quando é Primavera,
E o Sol é quente mas a noite espera,
E é hora...
(desconheço de quem é a versão portuguesa)
http://youtu.be/DjuvAU0dnv8
Beijito, Miss.
Xiiii! Esta é mesmo antiga!
Soa-me a "discos pedidos", ouvidos no rádio de pilhas, na cama, já com a luz desligada.
(A avó passava daí a pouco para desligar a telefonia).
Beijito, Mestre.
Mudando de tema...
RECREIO
Na claridade da manhã primaveril,
Ao lado da brancura lavada da escola,
As crianças confraternizam com a alegria das aves…
A mão doce do vento afaga-lhes os cabelos,
E o sol abre-lhes rosas nas faces saudáveis
— Um sol discreto que se esconde às vezes entre nuvens brancas…
As meninas dançam de roda e cantam
As suas cantigas simples, de sentido obscuro e incerto,
Acompanhadas de gestos senhoris e graves.
Os rapazes correm sem tino e travam lutas,
Gritam entusiasmados o amor espontâneo à vida,
A vida que vai chegando despercebida e breve…
E a jovem mestra olha todos enlevadamente,
Com um sorriso misterioso nos lábios tristes…
Alberto de Serpa
Beijito, Miss. Que o seu sorriso não saia de uns lábios tristes.
No mesmo tema. Não sei porque me lembrei disto...
"Pico, pico, serapico,
Quem te deu
Tamanho bico?
Salta a pulga da balança
Dá um pulo até à França
Os cavalos a correr
As meninas a aprender
Qual será a mais bonita
Que se vai esconder?"
Boa noite, Mestre.
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